ROMULO - FILOSOFIA PART 3


lugares diferentes e verifica que todos os cisnes observados são brancos, isto não lhe permite afirmar cientificamente que todos os cisnes são brancos, pois, não importa quantos cisnes brancos tenham sido observados, basta o surgimento de um único cisne negro para derrubar a afirmação de que eles não existiriam.

Assim, qualquer afirmação científica baseada em observação jamais poderá ser considerada uma verdade absoluta ou definitiva.

Uma teoria científica, no máximo, pode ser considerada válida até quando provada falsa por outras observações, testes e teorias, mais abrangentes ou exatos que a original.

Falseabilidade

A possibilidade de uma teoria ser refutada constituía para o filósofo a própria essência da natureza científica. Assim, uma teoria só pode ser considerada científica quando é falseável, ou seja, quando é possível prová-la falsa. Esse conceito ficou conhecido como falseabilidade ou refutabilidade.

Segundo Popper, o que não é falseável ou refutável não pode ser considerado científico. As teorias da 
gravitação universal de sir Isaac Newton são científicas, por que além de se enquadrarem na definição ao propor equações simples que descrevem os modelos cósmicos gravitacionais, também é possível se fazer previsões acertadas com base nelas.

E as teorias de Newton também são falseáveis. Tanto que o foram, quando Albert Einstein com sua Teoria da Relatividade demonstrou que a mecânica newtoniana não era válida em velocidades próximas à da luz.

Teoria da relatividade

O clássico experimento do eclipse, no qual Einstein provou que a luz era afetada pelos campos gravitacionais e o experimento posterior, que provou que cronômetros de altíssima precisão postos em alta velocidade em relação à Terra apresentavam pequenos atrasos quando comparados a cronômetro idêntico mantido imóvel na superfície, trouxe a ciência aos novos tempos em que o tempo não mais era absoluto.

Mesmo assim, as teorias de Newton continuam válidas para a maioria das aplicações cotidianas, quando a influência da velocidade pode ser considerada desprezível para as aplicações práticas. A ciência mais uma vez mostrava seu poder de se renovar e melhorar a partir de suas próprias definições.

Por outro lado, seguindo as definições e o conceito da falseabilidade de Popper, a astrologia de horóscopo moderna não pode ser considerada científica.

Todo o gigantesco arcabouço da mecânica newtoniana, o mais prestigiado modelo científico de todos os tempos, foi falseado por dois experimentos simples e uma equação magistral (E = mC2).

Mas não existem experimentos possíveis que possam falsear a teoria de que a posição de determinados corpos celestes afetam a vida de pessoas nascidas em determinado período de determinada forma.

A abrangência das previsões e a falta de um modelo simples e claro que as expliquem tornam a astrologia de horóscopo não falseável e, portanto, não científica.

Limites da ciência

Com Popper, os limites da ciência se definem claramente. A ciência produz teorias falseáveis, que serão válidas enquanto não refutadas. Por este modelo, não há como a ciência tratar de assuntos do domínio da religião, que tem suas doutrinas como verdades eternas ou da filosofia, que busca verdades absolutas.

O melhor no velho filósofo, que se opôs ao nazismo e dedicou sua vida à defesa de boas causas, é que suas teorias se aplicam a elas próprias. Assim, se amanhã alguém redigir uma melhor definição de teoria científica, as idéias de Popper humildemente sairão de cena para tomar seu lugar na história da ciência.

Entre as muitas virtudes que nossa ciência adquiriu dos grandes sábios que lhe deram grandeza, Popper nos mostrou uma ciência que se faz grande na virtude da humildade.

Circulo de Viena


O Círculo de Viena surgiu nas duas primeiras décadas do século XX, sendo responsável pela criação de uma corrente de pensamento intitulada positivismo lógico. Este movimento surgiu na Áustria, como reação à filosofia idealista e especulativa que prevalecia nas universidades alemãs. A partir da primeira década do século, um grupo de filósofos austríacos iniciou um movimento de investigação que tentava buscar nas ciências a base de fundamentação de conhecimentos verdadeiros.
Neste sentido, tal grupo constatou que o conhecimento possui valor de verdade devido à sua vinculação empírica, isto é, o conhecimento científico é verdadeiro na medida em que relaciona-se, em alguma dimensão, à experiência. Contudo, estes filósofos compreendiam que não se pode abandonar a lógica e a matemática, com o avanço que estas obtiveram na virada do século; ambas auxiliam de maneira determinante a busca e determinação das condições nas quais o conhecimento se processa. Assim, a este pensamento, que procura na experiência o valor de verdade último de suas proposições, auxiliado pelas regras da lógica e dos procedimentos matemáticos, denominou-se positivismo lógico, ou empirismo lógico. A este grupo, formado por Philipp Frank (1884-1966), Otto Neurath (1882-1945) e Hans Hahn, incorporaram-se, na década de vinte, Moritz Schilick e Rudolf Carnap, que logo passaram à condição de seus mais ativos membros. Em 1929, Carnap, Hahn e Neurath publicaram um manifesto intitulado A Concepção Científica do Mundo: o Círculo de Viena. Estava, assim, formado este movimento. Além destes filósofos, compunham o grupo cientistas, economistas e juristas.
As principais influências recebidas pelos filósofos do Círculo de Viena são: o pensamento do positivista Ernst Mach (1838-1916), a lógica de Russell, Whitehead, Peano e Frege, bem como os novos paradigmas da física contemporânea, especialmente as descobertas de Einstein. Determinante foi, ainda, a filosofia de Wittgenstein. A leitura de seu Tractatus Logico-Phylosophicus permitiu ao grupo levar ao máximo alcance filosófico a compreensão da nova lógica, possibilitando, assim, incorporá-la a uma interpretação empírica dos fundamentos do conhecimento.
Uma das principais contribuições do Círculo de Viena reside na noção de verificabilidade. Esta compreende que o sentido de uma proposição está intrinsecamente relacionado à sua possibilidade de verificação. Isto quer dizer: determinada sentença só possui significado para aqueles que são capazes de indicar em que condições tal sentença seria verdadeira, e em quais ela seria falsa. Indicar tais condições equivale a apontar as possibilidades empíricas deverificar a verdade ou falsidade da sentença em questão. Deste modo, as afirmações da filosofia idealista ou metafísica são alijadas das proposições que contribuem para a questão do conhecimento; seus termos centrais, tais como "ser" e "nada", dada sua generalidade e ambiguidade, não são passíveis de verificação, o que torna as sentenças destas filosofias sem significado. Os enunciados metafísicos, segundo esta concepção, não são verdadeiras nem falsas; antes, elas carecem de sentido. A partir da década de trinta, o movimento começou a se dispersar. Com a mudança para os Estados Unidos de Carnap e outros, aliada às mortes de Hahn, Schilick e Neurath, o Círculo perdeu sua coesão inicial.
Rudolf Carnap
Filósofo contemporâneo, considerado um dos principais componentes do Círculo de Viena. Nasceu em Ronsdorf, na Alemanha, em 1891. Estudou física, matemática e filosofia na Universidade de Jena, sendo aluno de Frege, por quem, ao lado de Bertrand Russell, admitia ter sido profundamente influenciado. Em 1921, obteve o título de doutor nesta instituição. Tomando conhecimento dos estudos de Carnap, Schilick o convidou para ocupar o cargo de professor–assistente na universidade de Viena. Deste modo, Carnap passou a integrar o Círculo de Viena, tornando-se um de seus principais sistematizadores. Em 1930, passou a editar a revista Erkenntnis, juntamente com Reichenbach. No ano seguinte, passou a lecionar em Praga. Contudo, devido a pressões do movimento nazista, foi levado a emigrar para os Estados Unidos. Atuou como professor e investigador nas universidades de Chicago, Harvard, Princeton e Los Angeles, naturalizando-se americano em 1941. Faleceu em Santa Marta, Califórnia, em 1970. Algumas de suas obras: A Construção Lógica do Mundo (1928) e Sintaxe Lógica da Linguagem (1934). Redigiu ainda, juntamente com Hahn e Neurath, o manifesto intitulado A Concepção Científica do Mundo: o Círculo de Viena.
Uma das preocupações centrais de Carnap reside no estudo do conhecimento científico, no que diz respeito à investigação de seus critérios de verdade. Se o princípio que determina esta verdade for o de sua verificação empírica, como pretendiam os empiristas lógicos, isto é, se somente podem ser consideradas verdadeiras as proposições passíveis de ser observados fatualmente, que fazer com as proposições epistemológicas, que não se referem a fatos, mas às proposições que os atestam? Será a epistemologia destituída de verdade? A resposta de Carnap a esta questão é que as proposições epistemológicas são proposições dotadas de significado, que se referem não diretamente aos fatos, mas antes à linguagem empregada para referir-se aos fatos. Neste sentido, a tarefa da filosofia é depurar a linguagem científica de suas imprecisões, construindo linguagens que obedeçam ao rigor de uma sintaxe lógica.
Outra importante contribuição de Carnap consiste no princípio da confirmabilidade. O princípio epistemológico da verificabilidade, proposto pelo Círculo de Viena, ao basear-se na verificação empírica para constatar a verdade de uma proposição, não permite conferir verdade a nenhuma proposição ou lei de caráter geral, uma vez que a experiência só apresenta casos particulares. Assim, não podendo ser verificados, tais leis podem, contudo, vir a ser confirmadas, gradualmente, pela experiência. Embora não haja possibilidade de atingir uma confirmação absoluta, quanto mais evidências empíricas se obtiver a seu favor, maior o grau relativo da dita lei, proposição ou teoria em questão.
AS REVOLUÇÕES CIENTÍFICAS DE THOMAS KUHN (1922-1996)

Thomas Kuhn foi um daqueles pesquisadores da Filosofia da Ciência que defenderam o contexto de descoberta, o qual privilegia os aspectos psicológicos, sociológicos e históricos como relevantes para a fundamentação e a evolução da ciência.
Para Kuhn, a ciência é um tipo de atividade altamente determinada que consiste em resolver problemas (como um quebra-cabeça) dentro de uma unidade metodológica chamada paradigma. Este, apesar de sua suficiente abertura, delimita os problemas a serem resolvidos em determinado campo científico. É ele que estabelece o padrão de racionalidade aceito em uma comunidade científica sendo, portanto, o princípio fundante de uma ciência para a qual são treinados os cientistas.
O paradigma caracteriza a Ciência Normal. Esta se estabelece após um tipo de atividade desorganizada que tenta fundamentar ou explicar os fenômenos ainda em um estágio que Kuhn chama de mítico ou irracional: é a pré-ciência. A Ciência Normal também ocorre quando da ruptura e substituição de paradigmas (o que não significa voltar ao estágio da pré-ciência). É que dentro de um modelo ocorrem anomalias ou contraexemplos que podem colocar em dúvida a validade de tal paradigma. Se este realmente se torna insuficiente para submeter as anomalias à teoria – já que vista de outro ângulo elas podem se tornar um problema – ocorre o que Kuhn denomina de Ciência Extraordinária ou Revolucionária, que nada mais é do que a adoção de um outro paradigma, isto é, de visão de mundo.
Isto ocorre porque dentro de um paradigma há expectativas prévias que os cientistas devem corroborar. Por isso, os cientistas não buscam descobrir (como entendiam os pensadores do contexto de justificação) nada, mas simplesmente adequar teorias a fatos. Quando ocorre algo diferente deste processo, isso se deve a fatores subjetivos, como a incapacidade técnica do profissional, ou à inviabilidade técnica dos instrumentos, ou ainda à necessidade de real substituição do paradigma vigente. Para isso, os cientistas usam hipóteses ad hoc para tentar manter o paradigma (contrário ao que pensava Popper). Aqui, Kuhn evidencia o caráter de descontinuidade do conhecimento científico que progride, então, por rupturas e não pelo acúmulo do saber, como pensava a ciência tradicional.
Surgimento das Ciências Humanas: A questão metodológica
 
Em nossa analise anterior sobre o surgimento da Ciência Moderna ficou evidente a preocupação de Galileu em compreender e estipular uma metodologia ao aspectos necessários das manifestações da natureza, além de direcionar quase que de forma exclusiva aos estudos dos fenômenos naturais. Na pratica Galileu ao desencadear seu modelo de ciência atesta sua aplicabilidade a natureza, abstendo-se da responsabilidade de aplicar o seu método ao estudo das relações sociais do homem, pois, a metodologia desenvolvida por Galileu não dava conta de explicar os aspectos contingenciais presente relações estritamentes humanas. Daí compreende-se o retardamento do surgimento das ciências humanas haja vista a dificuldade de aplicação metodológica, ou seja, os estudos sobre o homem em sua realidade social requer um tratamento diferenciado e diverso ao dispensado a natureza regida pela necessidade.Carente de uma metodologia restou aos estudos das relações sociais humanas inspirar-se no modelo cientifico das ciências exatas e naturais.
As ciências humanas se formaram somente durante o século XIX, inspirando-se nas ciências da natureza, ao mesmo tempo em que procuravam uma forma de estabelecer sua diferença em relação às ciências já conhecidas. É evidente que a dificuldade de definir o ser humano sob diversas características universais impediu o aparecimento de uma ciência única que pretendesse pesquisar a realidade do homem como se tratasse de um objeto científico convencional.
1.1. A questão do método científico das Ciências Humanas
Frente a tantos avanços que a Ciência vinha vivenciando desde o início do século XVII, umas  das mais signifi cativas é no campo metodológico. Enquanto as ciências da natureza têm como objeto algo que se encontra fora do indivíduo que conhece, as ciências humanas têm como objeto o próprio sujeito/ Cognoscente. Podemos, portanto, imaginar as dificuldades da economia, da sociologia, da psicologia, da geografia humana, da história para estudar com isenção aquilo que diz respeito ao próprio sujeito tão diretamente.
Vejamos quais são as dificuldades enfrentadas pelas ciências humanas ao buscarem estabelecer o seu método. A complexidade inerente aos fenômenos humanos sejam psíquicos, sociais ou econômicos, resiste às tentativas de simplificação.
Em física, por exemplo, ao estudar as condições de pressão, volume e temperatura, é possível simplificar o fenômeno tomando constante um desses fatores.
1.2. Dificuldades de Aplicabilidade desse modelo e método ao estudo.
Desde muito tempo, os assuntos referentes ao comportamento humano eram objetivos de estudo da Filosofia, mas com o desenvolvimento das ciências da natureza, desejou-se estender a eles o rigor do método, dando origem às ciências humanas.
Entretanto olhar o humano pelo prisma das ciências naturais não é uma tarefa fácil, devido à natureza do objeto observado não ser a mesma, e apesar do surgimento de várias ciências humanas, como: Psicologia; Sociologia; História; Geografia, voltada para a humanidade; Economia e Antropologia; a tarefa das ciências naturais não foi nada fácil. Devido a essa complexidade dos atos humanos, há uma série de dificuldades para as ciências humanas estudarem o seu objeto de estudo.
A questão do Método e da Objetividade nas Ciências
O comportamento humano, entretanto, resulta de múltiplas influências, como hereditariedade, meio, impulsos, desejos, memória, bem como da ação da consciência e da vontade, o que o torna extremamente complexo. Já pensou o que signifi ca avaliar a motivação do voto dos cidadãos numa eleição?Ou explicar o fenômeno do linchamento ou da vaia? Ou examinar as causas que determinam a escolha da profissão?Outra dificuldade da metodologia das ciências humanas encontra-se na experimentação. Não que ela seja impossível, mas é difícil identificar e controlar os diversos aspectos que influenciam os atos humanos. Além disso, a natureza artificial dos experimentos controlados pode falsear os resultados. A motivação dos sujeitos também é variável, e as instruções do experimentador podem ser interpretadas de maneiras diferentes. Da mesma forma, a repetição do fenômeno altera os efeitos, já que o indivíduo, como pessoa consciente e afetiva, nunca vive uma segunda situação de maneira idêntica à anterior. Certos experimentos oferecem restrições de caráter moral, por não ser lícito submeter o ser humano a situações que ponham em risco sua integridade física, psíquica ou moral. Por exemplo: as reações de pânico num grupo de pessoas presas numa sala em chamas ou as relações entre a superpopulação num condomínio e a variação do índice de violência só podems er objeto de apreciação eventual, no caso de ocorrerem acidentes desse tipo. Jamais poderiam ser provocados.Também é preciso saber de que constatações está se partindo: se da observação do comportamento exterior do indivíduo ou do seu relato sobre o que sentiu, a chamada técnica da introspecção (olhar para dentro). Esse procedimento é descartado por aqueles que julgam seus dados como não confiáveis, pois podem ser falseados pelo indivíduo por meio de mentiras, ou involuntariamente, por motivos que desconhecemos. Outra questão refere-se à matematização. Se a passagem da física aristotélica para a física clássica de Galileu deu-se pela transformação das qualidades em quantidades, poder-se-ia concluir que a ciência será tão rigorosa quanto mais ela for matematizável. Ora, esse ideal é problemático com relação às ciências humanas, cujos fenômenos são essencialmente qualitativos. Por isso, quando é possível aplicar a matemática, são utilizadas técnicas estatísticas, com resultados sempre aproximativos e sujeitos a interpretação. Resta ainda a dificuldade decorrente da subjetividade.
As ciências da natureza aspiram à objetividade, que consiste na descentralização do sujeito no processo de conhecer, na capacidade de lançar hipóteses testáveis por todos, mediante instrumentos de controle, e na descentralização das emoções e da própria subjetividade do cientista. Mas se o sujeito que conhece é da mesma natureza do objeto conhecido, parece ser difícil contornar a subjetividade. Imagine como interpretar a história, estando situado numa dada perspectiva histórica; ou analisar a família, fazendo parte de uma; ou ser economista,
vivendo num sistema econômico e de um sistema econômico.
Por fi m, se as leis das ciências da natureza supõem o determinismo - ou seja, na natureza tudo que existe tem uma causa -, como fi ca a questão da liberdade humana? Por haver regularidades na natureza, é possível estabelecer leis e por meio delas prever a incidência de um fenômeno, como isso seria possível, se admitirmos a liberdade humana? Mesmo se concordamos que o ser humano sofre condicionamentos, estes seriam da mesma natureza e intensidade dos que ocorrem com os seres inertes?
Essas dificuldades não foram levantadas com a intenção de provar a inviabilidade das disciplinas humanas se


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1 Carrilho, M., M., "O que é Filosofia", Lisboa, Difusão Cultural, 1994, p. 45.
2 Kuhn, T., "The Structure of Scientific Revolutions", Chicago, 2ª ed. Chicago University Press, 1972, p. 30.
3 Baptista, J., M., "A Ideia de Progresso em Thomas Kuhn, no contexto da nova filosofia da ciência", Porto, Ed. Afrontamento, 1996, p. 93.
4 Boaventura, S., S., "Da Sociologia da Ciência à Política Científica", in separata de Biblos, Coimbra, 1977, p. 215.
5 Idem, o. c. 215.
6 Idem, o. c. 215.
7 Idem, o. c. 215.
8 Idem, o. c. 216.
9 Idem, o. c. 216.
10 Idem, o. c. 217.
11 Idem, o. c. 219.
12 Carrilho, M., M., o. c. p. 28.

Exercício de teoria do conhecimento  
1-“A relação entre ciência e filosofia foi sempre historicamente cheia de tensões, porque ambas procuram realizar à sua maneira o ideal da episteme (o conhecimento verdadeiro); são atividades que visam o conhecimento, possuem estruturas cognitivas afins. Por outro lado, se uma esta mais virada para os campos particulares do real, a outra considera antes o todo[...]. Parece, no entanto, claro que a filosofia não pode nem deve dispensar as ciências – até mesmo para renovar os seus próprios problemas, na medida em que aquelas vão descortinando novos aspectos da realidade – e a ciência gera questões filosóficas. Os dois discursos são autônomos [...], mas nem por isso deixam de exigir um do outro.” (AMADO, João. O prazer de pensar, Lisboa, Edições 70, p. 80/81, texto adaptado) 
De acordo com o texto, a relação entre filosofia e ciência está corretamente expressa em:
A.  Filosofia e ciência se confundem, pois a filosofia, ao se preocupar com o todo, engloba as ciências.
B.  Filosofia e ciência são autônomas, pois estudam áreas do conhecimento distintas e não há como relacionar uma com a outra.
C.  A filosofia e a ciência mantêm uma relação íntima, na medida em que a filosofia reflete sobre problemas suscitados pelas descobertas científicas.
D.  As ciências pretendem substituir a filosofia, pois são capazes de gerar seus próprios problemas filosóficos.
E.  A filosofia, sendo a ciência mãe, mantém sob sua tutela e dependência as ciências, por isso estas precisam da filosofia para solucionar as questões filosóficas por elas suscitadas.
2-“Há cerca de vinte e cinco anos propus que se distinguisse as teorias empíricas ou científicas das teorias não-empíricas e não-científicas, definindo as primeiras como refutáveis e as segundas como irrefutáveis [...]. Como chamamos de ‘empíricas’ ou ‘científicas’ só as teorias que podem ser testadas empiricamente, concluímos que é a possibilidade de refutação empírica que distingue as teorias científicas (ou empíricas).” (POPPER, K. Conjecturas e Refutações, Brasília, Ed. da UNB, 1992, p. 223) 
De acordo com o texto, o que define a condição para que uma teoria possa ser considerada científica, para Popper, é:
A.  Uma teoria é cientifica se for verificada pelos fatos empíricos.
B.  Uma teoria é científica somente se for possível coletar evidências positivas em um número suficiente para defini-la como verdadeira.
C.  Uma teoria é aceita como cientifica se for testada e comprovada sua verdade.
D.  Uma teoria será considerada cientifica se ela é resistente a refutação empírica, ou seja, se for possível identificar  a resistência aos contra-exemplos  que buscam a refuta-la.
E.  Uma teoria é considerada científica se for refutável ou falseável, isto é, se seus enunciados são falsos.
3-O homem sempre buscou explicações sobre os aspectos essenciais da realidade que o cerca e sobre sua própria existência. Na Grécia antiga, antes da filosofia surgir, essas explicações eram dadas pela mitologia e tinham, portanto, um forte caráter religioso. Historicamente, considera-se que a filosofia tem inicio com Tales de Mileto, em razão de ele ter afirmado que “a agua e a origem e a matriz de todas as coisas”. Nesse sentido, pode-se dizer que a frase deTales tem caráter filosófico pelas seguintes razões:
A. Porque destaca a importância da água para a vida; porque faz referencia aos deuses como causa da realidade e, porque nela, embora apenas subentendido, está contido o pensamento: “tudo e matéria”.
B. Porque enuncia algo sobre a origem das coisas; porque o faz sem imagem e fabulação e porque nela, embora apenas subentendido, está contido o pensamento: “tudo e um”.
C. Porque narra uma lenda; porque narra essa lenda através de imagens e fabulação e porque nela, embora apenas subentendido, está contido o pensamento: “tudo e movimento”.
D. Porque enuncia uma verdade revelada por Deus; porque o faz através da imaginação e, porque nela, embora apenas subentendido, está contido o pensamento: “o homem e a medida de todas as coisas”.
E. Porque enuncia algo sobre a origem das coisas; porque o faz recorrendo a deuses e a imaginação e, porque nela, embora apenas subentendido, está contido o pensamento: “conhece-te a ti mesmo”. 
4-Considerando que na investigação científica acontecimentos e processos são apresentados como especificações de leis e de teorias gerais que anunciam padrões invariáveis de relações entre fenômenos, é correto afirmar que o objetivo principal da ciência é o(a)
A. estabelecimento de relações pela aproximação dos fenômenos e dos processos que diferem entre si de modo essencial.
B. imposição de padrões de conhecimento a respeito do comportamento dos fenômenos observáveis.
C. busca da inteligibilidade dos fenômenos para satisfazer o anseio de compreendê-los por meio de estudos metódicos.
D. sua aplicabilidade por intermédio da tecnologia visando exclusivamente ao bem-estar da humanidade.
E. observação empírica dos fenômenos para ajustá-los teoricamente de modo contingente.
5-“[...] Aristóteles estabelecia antes as conclusões, não consultava devidamente a experiência para estabelecimento de suas resoluções e axiomas. E tendo, ao seu arbítrio, assim decidido, submetia a experiência como a uma escrava para conformá-la às suas opiniões”.  
BACON, Francis. Novum Organum. Trad. de José Aluysio Reis de Andrade. 4. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988. p. 33.  
Com base no texto, assinale a alternativa que apresenta corretamente a interpretação que Bacon fazia da filosofia aristotélica.  
A.    A filosofia aristotélica estabeleceu somente a experiência e a técnica como o fundamento da ciência.
B. Aristóteles consultava a experiência para submete-las  aos resultados e axiomas da ciência constituídos por via contemplativa.
C. Aristóteles afirmava que o conhecimento teórico deveria submeter-se, como um escravo, ao conhecimento da experiência calcado pela técnica.
D. Aristóteles desenvolveu uma concepção de filosofia que tem como consequência a desvalorização total da experiência.
E. Aristóteles desvalorizava a experiência, por considerá-la um caminho fantasioso para superar a opinião e atingir o conhecimento verdadeiro.
6– “Desde o fim do século XIV, na Itália, um certo número de homens cultos, os humanistas (da palavra latina ‘humanus’, polido, culto), havia-se apaixonado pela recordação da Antiguidade Greco-Latina. Esforçaram-se por reencontrar e reunir as obras dos autores antigos, quase todas dispersas nos conventos e mosteiros onde os monges as haviam conservado e copiado ao longo da Idade Média”      (GIRARDET, R.; JAILLET, P. apud RUBIM, A. etal. História das Sociedades. Rio: Ao Livro Técnico,1988, p. 70).
Tendo em vista o exposto acima, assinale a alternativa correta a respeito da cultura da Antiguidade Clássica, do Humanismo e do Renascimento.
A. Na Renascença, ocorreu um gradativo distanciamento entre a Teologia e a Filosofia da Natureza, fato que se refletiu nas artes plásticas mediante a valorização do corpo humano expressa pelo nu artístico.     
B. A filosofia aristotélica foi responsável pela introdução da perspectiva geométrica na pintura sacra da Alta e da Baixa Idade Média, fenômeno revolucionário na história da arte renascentista.
C. Assim como seus antecessores da Grécia Antiga, os artistas do Renascimento, influenciados pelo politeísmo, deram atenção a uma visão teocêntrica do mundo.
D. O modo como os humanistas retomaram os ideais da arte antiga foi semelhante ao que fizeram os modernistas com a arte pré-colombiana em 1922, no Brasil
E. O culto a Dionísio orientou os preceitos estéticos apolíneos que dominaram, durante séculos, 
7-Filosofia pode ser definida como um conhecimento:
A. que se dá por amor livre ao saber.
B. que está interessado somente em descobrir coisas úteis à vida do homem.
C. apenas das questões matemáticas, que são as mais importantes e objetivas. 
D. das questões divinas, porque Deus é entendido como sendo a origem do homem.
E. que se dá por interesses particulares de cada um que procura estudar a Filosofia.

8-“Do final do século VII ao final do século V a.C, a filosofia se ocupou fundamentalmente com a origem do mundo e as causas das transformações da natureza”.Marilena Chauí. Convite à Filosofia, 1997, p. 34.
Encontramos, neste período a que se refere a profa. Marilena Chauí, uma Filosofia que busca uma explicação racional – logos, portanto – para a origem e ordenamento do mundo.
A sentença abaixo reflete esta premissa:
“[...] o ímpeto principal de investigação se dirigiu para a realização de um entendimento racional do mundo exterior da natureza. A especulação foi dominada por questões importantes acerca da origem do mundo e da natureza[...]”John Victor Luci. Curso de filosofia grega, 1994, p. 10.
As afirmações acima revelam as características de um período da História da Filosofia. A que período da Filosofia esses dois autores estão se referindo?
A. Período Pós-Socrático.
B. Período Pré-Socrático.
C. Período Socrático/Platônico.
D. Período Sistemático ou Helenístico.
 

9-Leia o texto a seguir.
No começo era o caos, conta o poeta Hesíodo. Era o espaço aberto, a pura extensão ilimitada, o abismo sem fundo. De repente, surgiu a primeira realidade sólida: Gaia, a Terra. Ela deu ao Caos um sentido: limitou-o. Instalou nele o chão, o palco da maravilha e da miséria da vida. Depois veio a Noite, a treva profunda. E abaixo fez-se o Érobo, morada das sombras. Restava ainda um espaço vazio sobre Gaia. Para preenche-lo ela criou um ser igual a si mesma,capaz de cobri-la inteira, Criou, sozinha, Urano, o Céu Estrelado. Na mesma solidão, originou também as Montanhas, as Ninfas e Ponto, o Mar. Como a Terra, sem unir-se a força alguma, a Noite engendrou Éter – luz que iluminaria os deuses nas mais altas regiões da atmosfera – e o Dia, claridade dos mortais que, no espaço, se alterna com sua mãe para não cansa-la. Por este tempo rondava no Caos o poderoso Eros, Amor Universal. Nenhuma força poderia mais fecundar sozinha. Levada por Eros, Gaia uniu-se a Urano, seu primogênito e apaixonado amante, gerando com ele muitos e muitos filhos. Uma raça violenta povoou a Terra e animou-a de nova forma de vida.
Esta narrativa sobre a origem do universo pode ser classificada de discurso
A. Indígena.
B. Mitológico.
C. Budista.
D. Filosófico Helenista.
10-  É correto afirmar que a filosofia:
A. Surgiu como um discurso teórico, sem embasamento na realidade sensível, e em oposição aos mitos gregos.
B. Retomou os temas da mitologia grega, mas de forma racional, formulando hipóteses lógico-argumentativas.
C. Reafirmou a aspiração ateísta dos gregos, vetando qualquer prova da existência de alguma força divina.
D. Desprezou os conhecimentos produzidos por outros povos, graças à supremacia cultural dos gregos.
E. Estabeleceu-se como um discurso acrítico e teve suas teses endossadas pela força da tradição. 


 Ci
 Eixo Temático: Ética e Moral
1. Relações e Distinções entre Ética e Moral
2. O que é Moral?
3. O que é Ética?
4. Ética Teleológica Eudaimônica.
5. Ética Deontológica Kantiana

HABILIDADES
Compreender a dimensão ética e moral da existência humana, estabelecendo distinções entre ética e moral.
Compreender e distinguir as diversas concepções eticas
Compreender e distinguir  na composição da realidade social do homem as nuances éticas e morais
• Compreender a discussão ética estendida as questões ambientais
ÉTICA E MORAL

Por iniciativa de Sócrates inaugurou-se de forma consistente o que chamamos de Filosofia Antropológica, versada em questões estritamente humanas principalmente no que concerne ao comportamento do homem em sociedade. Sócrates na verdade atribui a razão uma funcionalidade mais nobre,  pois coloca a reflexão humana a serviço do ethos( entenda estilo de vida) em sua busca incessante da verdade, tida como base da felicidade do homem. Na prática Sócrates incita um pensar ou refletir sobre a moral( pratica cotidianas e habituais que muitas das vezes não são pensadas) ou seja, cria a Filosofia Moral (Etica).

A relação entre Ética e Moral

As características da Moral

- corresponde a práticas cotidianas inseridas no dia a dia e que muitas das vezes não são pensadas, nutrindo-se da Dóxa;

-seus parâmetros de valores restringem-se gestões locais, sendo por vezes inviáveis a sua universalização, dessa forma, prende-se a cultura e historicidade diversa;

- ancora-se na tradição

As características da Ética

- funciona como uma espécie de juiz da moral, avaliando a conduta das pessoas em sociedade, por via da reflexão;

- tende a universalizar-se sem promover desarmonia com a concepção e pratica do bem;

- suas criticas não curvam-se a parâmetros tradicionais.

CONCEPÇÕES ÉTICAS

Sobre as concepções éticas vale ressaltar alguns eixos discursivos sobre ética em que ideias a formulação dos paramêtros  são diversos, tais como a concepção aristotélica fundamentada em principio teleológico versados na eudaimonia (felicidade) e a concepção kantiana forjada na perspectiva deontológica dos princípios constituídos por uma lei moral interior, além da ética foucaultiana “ do cuidar de si”, expoentes de um intenso debate ético que desdobra-se até nos dias atuais.

A formação da filosofia: entre sábios, sofistas e filósofos

1. Entre sábios e sofistas

Cada cultura apresenta uma rede de mitos, de valores, de normas, de expectativas e de vários outros elementos simbólicos que definem as nossas visões de mundo. Quando uma determinada visão de mundo adquire um caráter hegemônico dentro de uma cultura, nós costumamos chamá-la de tradição. Assim, cada tradição é um conjunto de concepções que não precisa de justificativa porque elas são sentidas como naturais dentro de uma certa comunidade. Quem vive imerso numa determinada tradição não a compreende como uma visão de mundo, mas como a visão correta do Mundo.
Um cristão, por exemplo, não percebe sua religião como uma das expressões da experiência religiosa humana, mas como um conjunto de descrições verdadeiras e de normas válidas. Ele não percebe os mandamentos de sua fé como uma construção histórica, mas como uma revelação divina. Quando um missionário cristão prega, ele não vê no seu discurso a expressão de um dos inumeráveis imaginários coletivamente elaborados na história, pois ele não encara a sua fé como uma crença específica, mas como a Verdade. Jeová não é o seu deus, mas simplesmente Deus.
Assim, o cristão não pode simplesmente sair de dentro de sua própria cultura para enxergá-la de fora. Ele não pode vê-la sem nenhum comprometimento com os seus mitos e seus dogmas. O olhar externo é o olhar do estrangeiro, que nos enxerga a partir de um outro território simbólico, composto por mitos e valores diversos.
Para o estrangeiro, nosso país é sempre uma experiência particular da diferença, um lugar entre muitos possíveis. Para nós, nosso território imaginário é percebido apenas como a Realidade.
Quando um muçulmano entra em contato com um cristão, ele o faz a partir da perspectiva de seu próprio universo simbólico. Tal experiência conduz a um estranhamento que pode libertar a ambos das fronteiras rígidas de sua própria cultura, pois a vivência da diversidade tem potencial para nos fazer entender que muito daquilo que cremos universal não passa de uma expressão particular da nossa cultura.
Quando ocorre esse estranhamento, ganha relevância a tentativa de distinguir entre o que é universal e o que é particular na experiência humana. Porém, esse contato nem sempre acontece em um ambiente de abertura, dado que a reação mais típica frente à diferença é a simples negação: os costumes estranhos são bárbaros, a religião estranha é uma seita herética. Essa é a reação etnocêntrica: o etnocêntrico, ou seja, aquele que percebe a sua cultura com a Verdade, colocando-a no centro do mundo, não é capaz de experenciar a diferença senão como erro, como atraso, como cegueira.
Todavia, quando o outro não é percebido como bárbaro, a experiência da diversidade pode estimular uma série de