TOM SILVA - HISTORIA

HISTORIA – TOM SILVA

REVOLTA DOS MALÊS (1835)   SALVADOR
Causas
Luta contra a escravidão e a imposição da religião católica,  que ocorreu em Salvador, em janeiro de 1835.
Desenrolar
Negros muçulmanos, que sabiam ler e escrever o árabe. “negros de ganho” tinham mais liberdade que os negros das fazendas e conseguiam comprar a alforria.
Janeiro de 1835 um grupo de cerca de 1500 negros, liderados pelos muçulmanos Manuel Calafate, Aprígio, Pai Inácio, armou uma conspiração para libertar seus companheiros islâmicos e matar brancos e mulatos considerados traidores. Arrecadaram dinheiro para  comprar armas e redigiram planos em árabe.
Massacrados pelas tropas da Guarda nacional.
Resultados
Duzentos escravos foram levados aos                tribunais. Pena de morte, trabalhos forçados, o degredo e os açoites. Mais de quinhentos africanos foram expulsos do Brasil e levados de volta à África.

SABINADA (1837) SALVADOR
Causas
Recrutamento obrigatório
Liberais de classe média
Desenrolar
Levantes em quartéis e ocupação de prédios públicos.
Isolamento frente às elites e camadas populares
Em 7/11/1837, os rebeldes proclamaram a independência da republica da Bahia, expulsando as autoridades e tomando salvador. Em seu manifesto, condicionam o retorno ao comando do poder à maioridade de D. Pedro II.
“A Bahia fica desde já separada e independente da corte do rio de janeiro, e do comendo central, a quem desde já desconhece, e protesta não obedecer nem a outra autoridade ou ordens dali emanadas, enquanto durar somente, a menoridade do Sr. D. Pedro II”.
Resultados
Cerca de mil pessoas morreram nos combates.
Os rebeldes que sobreviveram foram capturados e julgados por um tribunal composto pelos donos de latifúndios da província. Três dos líderes foram executados e outros três deportados, entre eles Francisco Sabino Vieira.

BALAIADA (1838-1841) MARANHÃO
Causas
Insatisfação popular contra a desigualdade social imposta pelos brancos da província
Prisão do irmão do vaqueiro Raimundo Gomes
Desenrolar
Contestando a detenção do irmão, Raimundo Gomes  invadiu o edifício da cadeia pública da povoação e libertou-o. Em seguida, Raimundo Gomes, com o apoio de Cosme Bento, ex-escravo à frente de três mil africanos evadidos,  e de Manuel Francisco dos Anjos Ferreira (o balaio) espalharam a revolta pelo interior do Maranhão
Resultados
Governo regencial enviou tropas (Duque de Caxias)
Conjugando a pacificação política com uma bem sucedida ofensiva militar, obteve a pacificação da Província em 1841
Os líderes balaios ou foram mortos em batalha  ou capturados. Destes últimos, alguns foram julgados e executados, como Cosme Bento,
por enforcamento.
FARROUPILHA (1935-1945) RIO GRANDE DO SUL
A mais elitista e longa de todas as revoltas.
● Principais lideranças (estancieiros): Bento Gonçalves (maior líder), Davi Canabarro, Guiuseppe Garibaldi.
Causas:
● Altos impostos sobre o charque gaúcho;
● Baixos impostos de importação sobre o charque platino (ARG e URU);
● Nomeação do Presidente de Província (governador) pelo Rio de Janeiro, contrário aos interesses gaúchos.
Proclamação da República do Piratini, ou República Rio-Grandense (RS, a partir de 1835) e da República Juliana (SC, de julho a novembro de 1839).
Experiência de combate (guerras fronteiriças) e recursos econômicos para manter a guerra (elite provincial).
● Não houve unanimidade: Porto Alegre apoiou o governo central, bem como áreas de colonização germânica ou ligadas ao comércio com a capital.
Acordo encerra conflito em 1845: “Paz de Ponche Verde”
Anistia dos envolvidos gaúchos;
Incorporação dos farrapos no exército nacional;
Permissão para escolher o Presidente de Província;
Devolução de terras confiscadas na guerra;
Proteção ao charque gaúcho da concorrência externa;
Libertação dos escravos envolvidos?

“Surpresa de Porongos” (traição aos negros – 14/11/1844)
CABANAGEM (1835-1840)
1. Antecedentes


● Divergência entre a elite local em torno da nomeação do novo Presidente de Província do Grão-Pará.
Período Colonial = Domínio político de um grupo de comerciantes portugueses.
Motivações para o movimento cabano: Insatisfações das elites do Pará com o domínio político de portugueses e marginalização política do Pará em relação ao Sul e Sudeste do Brasil; insatisfações das camadas pobres urbanas pela péssima condição de vida, insatisfações de mestiço e ribeirinho; insatisfações de escravos e libertos. (MOVIMENTO PLURIÉTNICO CULTURAL) = Diversos segmentos.
Estoura o Processo Revolucionário – tomado de Belém em janeiro de 1843 e assassinato do Presidente de Província Bernardo Lobo de Souza
. Primeiro Governo cabano
Dirigente: (latifundiário paraense, acusado de traição à causa cabana) Félix Clemente Malcher
Ações, Políticas e Reações no Governo Malcher:
● Mantém-se fiel ao Imperador, prometendo fidelidade até a Maioridade de D. Pedro II.;
● Perseguição aos companheiros cabanos que o colocaram no poder;
● Rivalidade com os ideais de Francisco Vinagre (que foi escolhido por Malcher como Comandante de Armas e o traiu) e  Eduardo Angelim, que pretendiam romper relações com o governo central.
Golpe de Francisco Vinagra: o instalção do um novo governo cabano
3.  Segundo Governo Cabano
Dirigente: Francisco Vinagre
Ações e Políticas e Francisco Vinagre:
● Postura política autoritária
● Alinhamento com o governo central (Regência)
● Insatisfações de políticos locais
● Antônio Vinagre, conseguiu com que as negociações com o Governo Central acabassem. Apesar da traição, Francisco Vinagre foi mantido no cargo. Com o posicionamento de Francisco Vinagre “a favor” dos cabanos, o governo Central enviou uma tropa chefiada por MANUEL JORGE RODRIGUES para assumir o poder em Belém.
● Francisco Vinagre traiu os cabanos pela segunda vez e as forças do governo central assumiu o poder na capital Belém.
Os Cabanos se reagruparam no interior do Pará e avançaram sobre Belém em agosto de 1835 e Proclamaram a República e a Independência da Província sob a chefia do seringueiro Eduardo Angelim.
Manoel Jorge Rodrigues refugiou-se em Cametá, que se tornou segundo o governo central a nova capital da Província do Pará.

Cametá e o Mito da “Cidade Invicta” da Cabanagem
Tentativa de invasão da cidade de Cametá por parte dos cabanos. Resistência liderada pelas elites locais e pelo Padre Prudêncio.
. Terceiro Governo Cabano – VERDADEIRAMENTE CABANO
Dirigente: Eduardo Angelim
Na gestão de Eduardo Angelim que teve duração efemera (10 meses), a elite se viu atemorizada pelo controle cabano sobre a Província do Grão-Pará.
● Em 1936, o governo central enviou nova força chefiada por Francisco José de Souza Soares para conter os cabanos.
● Enfraquecidos, desunidos e desorganizados, os cabanos recuaram, abrindo caminho para uma das mais violentas repressões. Deixando como saldo a morte de 25% da população do Pará.
. Terceiro Governo Cabano – VERDADEIRAMENTE CABANO
Dirigente: Eduardo Angelim
Na gestão de Eduardo Angelim que teve duração efemera (10 meses), a elite se viu atemorizada pelo controle cabano sobre a Província do Grão-Pará.
● Em 1936, o governo central enviou nova força chefiada por Francisco José de Souza Soares para conter os cabanos.
● Enfraquecidos, desunidos e desorganizados, os cabanos recuaram, abrindo caminho para uma das mais violentas repressões. Deixando como saldo a morte de 25% da população do Pará.
A Cabanagem e a História Tradicional
Movimento Cabano = Morava em cabanas
Quem eram os cabanos = Pobres, libertos, mestiços, ribeirinhos...
AS LIDERANÇAS ANÔNIMAS DA CABANAGEM
Domingos Onça, Mãe da Chuva, João do Mato, Sapateiro, Remeiro, Gigante do Fumo, Piroca de Cana, Chico Viado, Pepira, Zefa de Cima, Zefa de Baixo, Maria da Bunda.........


PERIODO REGENCIAL

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A abdicação de D. Pedro I no Brasil, em 7 de setembro de 1831, pode ser entendida, nesse sentido, como parte
desse movimento liberal que se irradiou a partir da França.
Ø  As Principais Facções Políticas no Brasil

As três tendências. Entre a abdicação de D. Pedro I(1831) e a antecipação da maioridade de D. Pedro II(1840) situou-se um dos períodos mais agitados de nossa história. O governo foi entregue aos regentes, que exerceram o poder no lugar do futuro D. Pedro II. Para o Brasil, esse fato equivaleu a uma verdadeira “experiência republicana”

O  7  de Abril foi o desfecho da luta do imperador, aliado aos absolutistas do “partido português”, contra o “partido brasileiro’’ (aristocracia rural) e os liberais radicais (camadas urbanas). A partir de 1831, as três tendências políticas passaram a ser conhecidas, respectivamente, como restauradores ou caramurus, moderados ou chimangos e, finalmente, exaltados, farroupilhas ou jurujubas.
Os restauradores, agrupados em torno da Sociedade Conservadora, mais tarde Sociedade Militar, da qual faziam parte os Andradas, representavam a tendência ultra-reacionária. Na verdade, constituíam uma força política secundária, limitando-se a defender o retorno e a restauração de D. Pedro I.
Quanto aos exaltados, agrupados em tomo da Sociedade Federalista, defendiam maior autonomia provincial; não raro, alguns deles eram francamente republicanos. Expressavam as aspirações das camadas urbanas e seus mais destacados representantes eram os jornalistas Antônio Borges da Fonseca e Luís Augusto May, que editavam respectivamente  O República e A Malagueta.
Todavia, os moderados conseguiram o poder político utilizando os exaltados como massa de manobra. Teófilo Otoni, com muita propriedade, disse: “07 de Abril foi uma verdadeira Journée des Dupes (jornada dos tolos)”.
Os moderados estavam agrupados em torno da Sociedade Defensora da Liberdade e Independência Nacional, composta pelos grandes proprietários de Minas Gerais, Paulo e Rio de Janeiro. Politicamente eram monarquistas, mas contrários ao absolutismo. Do ponto de vista administrativo, defendiam o centralismo como garantia da unidade territorial. Os principais representantes eram Evaristo da Veiga, que editava o jornal Aurora Fluminense, padre Antonio Feijó e Bernardo Pereira de Vasconcelos.
Ø  A Regência Trina Provisória
Abril-julho de 1831. Como o sucessor de D. Pedro I tinha apenas cinco anos de idade, a Carta de 1824 previa a eleição de uma regência* formada por três membros eleitos pela Assembléia Geral, que era composta pelo Senado e pela Câmara dos Deputados. Mas, como no dia 7 de abril os parlamentares estavam em férias, os deputados e senadores que se encontravam no Rio de Janeiro elegeram uma regência provisória, formada pelos senadores Nicolau de Campos Vergueiro, José Joaquim de Campos (marquês de Caravelas) e o brigadeiro Francisco de Lima e Silva (pai do duque de Caxias). A pressa em indicar uma regência deveu- se ao receio infundado de uma agitação popular, que a própria camada dominante havia estimulado para atingir seus objetivos, mas que, agora, era preciso evitar a todo custo.
Ø  A Regência Trina Permanente (1831-1834)e as Medidas Liberais
Feijô. Em maio de 1831, constitui-se a Regência Trina Permanente, formada pelo brigadeiro Francisco de Lima e Silva, os deputados José da Costa Carvalho (futuro marquês de Monte Alegre) e João Bráulio Muniz.
Os moderados eram então os “donos do poder”. Contra eles ergueram-se os exaltados, que defendiam a imediata devolução da soberania ao povo, para que este pudesse eleger uma Assembléia Constituinte.
Portanto, a grande ameaça à Regência, isto é, à hegemonia dos moderados, partia dos setores exaltados. Estavam em perigo a estabilidade política e a unidade territorial, pois os exaltados tinham representantes em todas as províncias.

No novo gabinete* formado pela Regência destacou-se o ministro da Justiça, padre Diogo Antônio Feijó, a quem se conferiu autonomia de ação para conter as agitações populares. A nova ordem foi assegurada pelas ações repressivas de Feijó, mas segundo Raymundo Faoro “a maior obra em favor da ordem, do partido moderado, foi a realizada fora do governo, com a criação de duas instituições: a Sociedade Defensora e a Guarda Nacional. A elas deveu a Regência a estabilidade do regime e a permanência da integridade da nação”-
A Sociedade Defensora da Liberdade e da Independência, fundada pelo jornalista Evaristo da Veiga, em 19 de maio de 1831, era integrada pelos regentes, senadores e deputados. Seu principal objetivo era combater os restauradores e os exaltados, influindo nas decisões governamentais. A ela deveu-se, por exemplo, a sugestão da criação da Guarda Nacional, como contrapeso à tropa regular, de fidelidade duvidosa.
Pela lei de 18 de agosto de 1831, criou-se a Guarda Nacional, subordinada ao Ministério de Justiça, extinguindo-se as ordenanças e milícias subordinadas ao Ministério da Guerra. A Guarda Nacional, composta apenas por pessoas de alguma posse, significou a garantia da fidelidade e da ordem social. Não só isso: a Guarda Nacional Transformou-se na principal força repressiva da oligarquia agrária e,

conseqüentemente, num dos principais sustentáculos de sua hegemonia.
Como instrumento de poder da aristocracia rural, sua eficiência foi testada em 1831 e 1832, no Rio de Janeiro e Pernambuco, contra rebeliões dos exaltados. A ascensão dos restauradores e a

renúncia de Feijó. Entretanto, a preocupação dos moderados em conter a todo custo os exaltados abriu caminho para a ascensão política dos restauradores, que representavam a tendência ultraconservadora e reacionária. Em março de 1832, fundou-se a Sociedade Conservadora, núcleo do partido restaurador ou caramuru. Nessa sociedade encontravam-se os Andradas, como sempre, chefiados por José Bonifácio, tutor de D. Pedro II.
Os restauradores, ao contrário dos exaltados estavam alijados numa parcela do poder (Senado) e ainda possuíam a tutela de 13. Pedro II. A ameaça restauradora, que defendia o retorno de 13. Pedro I, era  real. A fim de contorná-la, Feijó tentou um golpe para alijá-los do poder.
Inicialmente, procurou obter da Câmara a destituição de José Bonifácio do cargo de tutor, mas o Senado colocou-se contra. Realizou então uma manobra política, tentando converter a Câmara numa Assembléia Geral, sem o conhecimento do Senado, obtendo, para isso, o apoio de alguns deputados. Estes, no entanto, recuaram no último instante, desaprovando a destituição de José Bonifácio. Ao ministro da Justiça só restou a renúncia.
A queda de Feijó foi uma vitória dos restauradores, que iniciaram as agitações políticas para conseguir o retorno de D. Pedro I. Através do seu jornal Caramuru, pregavam abertamente a restauração. A Sociedade Conservadora evoluiu para a formação da Sociedade Militar e no Rio de Janeiro os conflitos entre nativistas e restauradores intensificaram-se. O fim dos restauradores. A tolerância dos moderados enfim se esgotou. Em 1833, quando foi dissolvida a Sociedade Militar, desmantelou-se o partido restaurador. José Bonifácio foi destituído e  preso em dezembro de 1833, sendo substituído pelo marquês de ltanhaém. O partido restaurador finalmente desapareceu em 1834, com a morte de li Pedro I.
O Código de Processo Criminal, O espírito liberal, que nutrira o movimento emancipador de 1822, havia-se frustrado com a tendência absolutista e centralizadora do Primeiro Reinado. A abdicação (1831) foi a retomada do caminho liberal, que encontrou sua mais clara expressão no Código de Processo Criminal, de 29 de novembro de 1832.
Através do Código, os municípios receberam ampla autonomia judiciária, com juízes de paz eleitos pela população local. Para Raymundo Faoro, “valorizava-se novamente o município, que fora esquecido e manietado durante quase dois séculos. Resultava a nova lei na entrega aos senhores rurais de um poderoso instrumento de impunidade criminal, a cuja sombra   renascem os bandos armados, restaurando o caudilhismo territorial (...). O conhecimento de todos os crimes, mesmo os de responsabilidade, segundo o Código, pertencia à exclusiva competência do Juiz de Paz. Este saía da eleição popular, competindo-lhe ainda todas as funções policiais e judiciárias: expedições de mandatos de busca e seqüestro, concessão de fianças, prisão de pessoas, ação contra vadios e desordeiros. No julgamento, ajudavam-no os jurados, alistados por ele, o pároco e o presidente da Câmara Municipal ou um vereador, O âmbito municipal era, portanto, o limite da ordem judiciária”.
O Código, ao devolver aos poderes locais sua autonomia, estimulou as disputas freqüentemente sangrentas entre os potentados*, instalando a desordem e a anarquia. O liberalismo expresso no Código pretendia o autogoverno  do pais, mas no seu lugar originou-se o “caos, a anarquia dos sertões”. Este fracasso conduziu posteriormente à Lei de 3 de dezembro de 1841, pondo fim ao localismo anárquico.
O Ato Adicional. A reforma da Constituição de 1824 também estava inclusa no projeto dos autores da abdicação de D. Pedro I. Entretanto, havia divergências quanto às reformas pretendidas.
Os exaltados preconizavam o federalismo, visando a autonomia das províncias, e defendiam a substituição dos Conselhos de Províncias por Assembléias Legislativas. Os “moderados” pretendiam suprimir o Conselho de Estado e a vitaliciedade do Senado. Também começou a circular a idéia da transformação da Regência Trina em Regência Una, eleita diretamente.
Para a efetivação das reformas, tanto a Câmara dos Deputados quanto o Senado deveriam aprová-las. Naturalmente, o Senado, reduto dos restauradores, resistia tenazmente. Os senadores eram contra a supressão da condição vitalícia de seus cargos. Um acordo entre as três facções políticas — exaltados, moderados e restauradores — permitiu oficialmente as reformas. Por uma lei de 1832 ficou assentado que a legislatura, a iniciar-se em 1834, se encarregaria da ambicionada reforma da Constituição de 1824.
Em 12 de agosto de 1834 foram votadas as modificações que constituíram o Ato Adicional. Entre elas: os Conselhos de Províncias, que tinham caráter apenas consultivo, cederam lugar às Assembleias


Legislativas, com amplos poderes, podendo legislar sobre matéria civil e militar,

Instrução pública, política e econômica dos municípios; o Conselho de Estado, principal órgão de assessoria do imperador, foi abolido; a Regência Trina transformou-se em Regência Una, eleita pelo voto direto; a cidade do Rio de Janeiro tornou-se um município neutro.

A vitaliciedade do Senado foi, portanto, preservada, o que significou uma concessão aos restauradores. Da mesma forma, a autonomia provincial atendeu aos anseios dos exaltados. Assim, o Ato Adicional foi concebido como um instrumento conciliador e como fator de equilíbrio entre as três principais forças políticas.
Ø  A Regência Una
Feijó (1835-1837). Apesar do caráter conciliatório do Ato Adicional, as forças políticas se dividiram em duas facções: a que apoiava o Ato (progressistas) e a que se colocava contra ele (regressistas). O ponto básico da discórdia era a contradição inerente ao Ato Adicional, ao propor a centralização do poder político em mãos de um regente único, ao mesmo tempo em que dava às províncias considerável autonomia.
O empreendimento tornava-se, no mínimo, problemático, pois preconizava a descentralização política enquanto procurava manter a unidade territorial.
Essa contradição transpareceu com a eleição de Feijó, em 1835, como regente único, apesar da ínfima vantagem de seiscentos votos sobre seu adversário. A vitória de Feijó representou a vitória dos progressistas. Entretanto, nas eleições legislativas do ano seguinte venceram os regressistas.
·        O fim do avanço liberal.
A luta política no interior da própria elite dirigente refletia as contradições ainda mais graves e profundas. A divisão entre progressistas e regressistas realizava-se em função do avanço e recuo das agitações populares.
Em relação a estas últimas, a elite dirigente dividia-se quanto aos métodos de reprimi-las.
A grande massa dos deserdados, desde a emancipação política, esperava por trans- formações sociais que melhorassem sua sorte miserável, mas tornava-se cada vez mais um instrumento das camadas dominantes. Contudo, cada terreno conquistado no sentido da emancipação e de sua consolidação correspondia à implantação da hegemonia política da aristocracia rural.
No quadro social tudo permanecia inalterado. Para as populações livres e empobrecidas apenas as frustrações se acumulavam. Graves revoltas de cunho popular eclodiram: no Pará, a Cabanagem; no Sul, a Farroupilha. O temor dos proprietários rurais levou-os a assumir posições cada vez mais conservadoras — regressistas. Estes, ao dominar o Legislativo, se opuseram a Feijó, que procurava fortalecer o Executivo.
O Parlamento responsabilizou Feijó pelas revoltas sociais que se espalhavam por toda a parte; além disso, lhe foram negados recursos financeiros para solucionar as crescentes dificuldades. Impotente diante do Parlamento hostil, Feijó renunciou, em 1837. A regência foi assumida interinamente por Araújo Lima.

Araújo Lima (1837-1840): o regresso conservador:  Com  a escolha de Araújo Lima como regente interino, um novo gabinete foi formado, com membros saídos da facção majoritária do Parlamento. Como a facção majoritária era regressista, o gabinete era de sua inteira confiança, razão por que os próprios regressistas passaram a denominá-lo Ministério das Capacidades, num elogio a i mesmos.
Em 1838, nas eleições para a escolha do novo regente, foi eleito o próprio Araújo. A harmonia entre Legislativo e Executivo, ambos regressistas, possibilitou a coesão da aristocracia rural, que pôde, então, enfrentar com firmeza as rebeliões do Pará (Cabanagem), Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Farroupilha), Bahia (Sabinada) e Maranhão (Balaiada) — sendo as duas primeiras herdadas do período anterior e as duas últimas iniciadas na Regência de Araújo Lima.
A reação conservadora exigiu também a revisão do próprio Ato Adicional, no que detinha de concessão aos exaltados. Em 12 maio de 1840, apareceu a Lei Interpretativa do Ato Adicional, suprimindo a autonomia das províncias e preparando o centralismo, que foi o fundamento do Segundo Reinado.

Ø  As Rebeliões Regenciais
As causas das rebeliões. O processo de emancipação política teve duas direções: libertação em relação à metrópole portuguesa e a organização do Estado Nacional soberano. Resolvida a questão da emancipação, era necessário organizar o Estado. Esta última questão dependia, naturalmente, da clara definição da camada social que dominaria o Estado, para estabelecer, em suma, a sua hegemonia.
O eixo de gravitação política, havia muito tempo, era o Centro-sul, particular- mente, o Rio de Janeiro. Desde o período joanino procurou-se adotar o

centralismo político-administrativo e a manutenção da economia escravista colonial de modo que as rebeliões regenciais tiveram dupla raiz. De um lado, era importante para a camada senhorial das províncias distantes do centro de decisão política — Rio de Janeiro — obter o máximo de liberdade de ação, quer dizer, a autonomia político-administrativa. De outro, para as camadas livres, mas não- proprietárias, tratava-se de alterar o quadro social, a fim de melhorar sua vida material.
As rebeliões regenciais visavam, portanto, a autonomia provincial e, no limite, separação, cogitando-se às vezes a República. Nelas intervieram, por isso mesmo e de maneira intensa, as camadas populares, que perceberam claramente o engodo de que eram, víti- imas. As frustrações acumuladas se expressaram em ré voltas violentas.




RIBAMAR - GEOGRAFIA

LICEU RIBAMAR BRAUN GEOGRAFIA

UNIDADE 01 – REGIONALIZAÇÃO DO ESPAÇO MUNDIAL: DO PERÍODO BIPOLAR AO PERÍODO MULTIPOLAR

01 – GEOPOLÍTICA DA GUERRA FRIA:

As alterações ocorridas no mapa da Europa nos últimos anos são o sinal de que vivemos um período de transição. É a estruturação da chamada nova ordem mundial, que vem substituir a velha ordem, marcada pela oposição entre Estados Unidos e União Soviética, em um período conhecido como guerra fria.
A guerra fria começou a desenhar-se logo após a Segunda Guerra Mundial. Mais precisamente durante a Conferência de Potsdam, realizada em Julho de 1945, quando as potências vencedoras decidiram dividir o território alemão em quatro zonas de ocupação, controladas, de leste a oeste, respectivamente, por União Soviética, Inglaterra, Estados Unidos e França. A capital alemã, Berlim, também foi ocupada e dividida entre os russos a leste, e franceses, ingleses e americanos a oeste. Veja os mapas abaixo.
Naquele momento, a bipolaridade que marcou o cenário geopolítico internacional no pós-guerra já estava configurada. Isso porque as duas grandes potências vencedoras — a capitalista, representada pelos Estados Unidos, e a socialista, representada peia União Soviética —tinham projetos antagônicos, não só para a Ale-manha como também para toda a Europa.
O antagonismo ficou claramente expresso a partir de 1947, quando o presidente norte-americano Harry Truman declarou a necessidade de conter os desejos expansionistas soviéticos no território europeu e, posteriormente, no território asiático.
Em virtude do seu importante papel na derrota do exército nazista pelo front oriental, desde fevereiro de 1945 os soviéticos transformaram todo o Leste europeu em uma grande área ocupada, alegando a necessidade de manter a segurança junto a suas fronteiras. Desde esse momento estabelecia-se a chamada "cortina de ferro", com a divisão da Europa em duas regiões geopolíticas: a Europa ocidental, sob a influência dos Estados Unidos, e a Europa oriental, sob a influência da União Soviética.
Para dar conta do projeto de contenção da influência soviética, os Estados Unidos financiaram a reconstrução e o fortalecimento econômico da Europa, através do Plano Marshal, e dos países do Leste e Sudeste asiáticos, através do Plano Comecon. Instalaram um arsenal nuclear nos países da Europa ocidental e envolveram-se em guerras localizadas, onde existia a oposição capitalismo versus socialismo, como as guerras da Coréia (1950-1953) e do Vietnã (1960-1973).
Por seu lado, em 1948, a União Soviética transformou as áreas de ocupação do Leste em governos pró-soviéticos, controlando-os de forma absolutamente autoritária, e também criou mecanismos de auxílio e cooperação econômica no interior do bloco socialista, através do Comecon.
Do ponto de vista do equilíbrio do poder, a guerra fria também se consolidou com a criação de duas grandes organizações militares: a Otan4 e o Pacto de Varsóvia, que tinham como principal objetivo impedir a expansão dos sistemas socialista e capitalista, respectivamente.
Essas organizações, bem como as guerras localizadas entre as duas superpotências, foram expressão clara de como o controle mundial efetivou-se através do chamado "equilíbrio do terror". A corrida tecnológica que colocou os dois países em posição militar de destruir o mundo todo, principalmente com as armas nucleares, serviu como um eficaz mecanismo de controle mundial.
O muro de Berlim, construído em 1961, para consolidar a divisão da capital, evitando a fuga de alemães orientais para o lado capitalista, foi o grande símbolo da bipolaridade, da disputa ideológica e militar entre os dois grandes vencedores da Segunda Guerra Mundial. Com a sua queda, em 1989, a velha ordem mundial começava a ruir.

Plano Marshall: plano de financiamento e de investimentos formulado pelos Estados Unidos para viabilizar a reconstrução da Europa no pós-Segunda Guerra. Tornou-se conhecido com esse nome numa referencie ao secretário de Estado norte-americano George Catlett Marshall, idealizado' os programa.
Plano Colombo: criado em 1951 para a "Cooperação Econômica e o Desenvolvimento Social na Ásia e no oceano Pacifico". O nome deriva de sua sede, Colombo, capital do Sri Lanka.
Comecon: sigla referente ao Conselho de Assistência Econômica Mútua dos paises socialistas, criado em 1949 e extinto em 1991. Foi a organização responsável pela coordenação e pela integração econômica dos países socialistas aliados à União Soviética.
OTAN: sigla referente á Organização do Tratado do Atlântico Norte, uma organização militar criada em 1949, sob a liderança dos Estados Unidos, para defender o Ocidente do inimigo socialista. Reúne os Estados Unidos aos seus principais aliados ocidentais e ao Japão. Ao contrario do Pano de Varsóvia, a Otan sobreviveu e até fortaleceu-se após o fim da Guerra Fria Hoje. vários são os países ex-socialistas que manifestaram seu desejo de ingressar na organização,
Pacto de Varsóvia: organização militar criada em 1955. Reunia os países socialistas à União Soviética, que liderava esta organização na defesa dos interesses socialistas durante a guerra fria Com a fragmentação da União Soviética, m dezembro de 1991, a organização lambem -o extinta.

As fronteiras que delimitam países são sempre algo provisório e passível de mudanças a qualquer momento, isso acontece porque as relações sociais que se estabelecem no interior desses, apresentam-se recheadas de contradições de todas as ordens: que vai da cultural à econômica, neste contexto há uma série de elementos estimuladores de sizões e constituições de novos Estados Nacionais. Então a turbulenta passagem da década de 80 para os anos 90, mostra a desestruturação de alguns países e o surgimento de novos. Isso gerado pela crise do modelo soviético e do socialismo real, bem como pela explosão do nacionalismo, fundamentalmente no Leste Europeu, exemplos: A Tchecoslováquia que foi desmembrada em república Tcheca e Eslováquia; e a Iugoslávia toda retalhada e dando origem a novos Estados; a grande URSS, uma das nações mais poderosas do século XX, desapareceu do mapa mundi, produzindo o surgimento de 15 novos países.
A configuração geográfica do continente africano, constituída em grande medida pelo imperialismo europeu na passagem do século XIX para o XX, deve, segundo estudiosos, ser redesenhada nas próximas décadas. Somando-se a essas questões há lutas em alguns pontos importantes e estratégicos do espaço mundial em que o separatismo e buscas por autonomias são combustíveis que estimulam e aquecem rivalidades entre grupos que convivem e conflitam no mesmo território, podemos citar, como exemplo, a região da Palestina, ocupada desde o início da era cristã por árabes chamados de palestinos, que passou na Segunda metade do século XX ao controle do povo judeu. Esse processo foi marcado por uma série de conflitos que mobilizou boa parte dos países e da opinião pública mundial. É importante também ressaltar a luta dos bascos na fronteira da França com a Espanha para a constituição do país Basco; e também a busca pela unificação das Irlandas em que os católicos do norte da ilha são atores principais.
Assim, pensar o espaço mundial como algo sempre em movimento é uma tarefa que exige compreensão da realidade cotidiana. Então as realidades específicas estão entrelaçadas e recheadas de divergências que desafiam e colocam em cheque configurações e modelos espaciais criados pelo homem, ao longo de sua trajetória. Essas criações, sempre passíveis de serem recriadas, afinal são frutos de relações sociais contraditórias, que se estabelecem no grande teatro da humanidade, o Planeta Terra.
O geógrafo J. W. Vesentini afirma "que uma das grandes preocupações da Geografia é a regionalização da superfície terrestre, do espaço que serve de morada para a humanidade, como ciência do espaço, a geografia vem procurando criar mecanismos no sentido de propiciar entendimento das formulações e diferenciações espaciais criadas pêlos homens".
Existem inúmeras formas de dividir o espaço mundial, dependendo do referencial que se utiliza isso com o objetivo de facilitar nosso entendimento sobre o assunto. Então iremos abordar algumas das formas mais conhecidas de regionalização do mundo:

a) Divisão em continentes:
Há como referência fundamental elementos naturais, principalmente, a questão geológica, este tipo de regionalização concebe o espaço mundial dividido em cinco grandes massas continentais: Europa, América, Ásia, África e Oceania.

b) Os “três mundos”:
Durante o período da guerra fria (1945/1991) este tipo de divisão foi bastante utilizada, baseava-se em critérios sócio-econômico e ideológico, definia três campos bem diferentes:
·          Primeiro mundo     - formado pelo conjunto de países capitalistas desenvolvidos.
·          Segundo mundo    - formado pêlos países de economia planificada (socialismo real).
·          Terceiro mundo     - formado pêlos países subdesenvolvidos.
Obs.: Esse tipo de divisão do espaço não é mais tão utilizado hoje, em função da crise do socialismo real e conseqüente desaparecimento do bloco socialista.

c) Divisão Leste x Oeste
Pautada em critérios políticos e econômicos foi bastante utilizada durante o período da guerra fria para identificar os países do bloco soviético (Leste) e os países do bloco capitalista (Oeste).

d) Divisão Norte x Sul:
Uma das formas mais utilizadas, nesta virada de século, para dividir o espaço mundial, tendo como referência fundamenta à questão do desenvolvimento econômico e industrial:
·          Países do Norte - desenvolvidos a altamente industrializados e que assumem papel de vanguarda do ponto de vista comercial e tecnológico.
·          Países do Sul - países com condições de desenvolvimento econômico, social e tecnológico inferiores aos primeiros e que historicamente ocupam papel periférico dentro da divisão do trabalho, no espaço mundial.

É importante ressaltar que os países do sul subdesenvolvidos não constituem um bloco homogêneo, havendo entre esses países grandes diferenças estruturais, sociais e até no campo econômico, aliás, coisas que discutiremos com maior fôlego na próxima unidade.
A oposição entre o Norte industrializado e o Sul subdesenvolvido é reforçada pela crise do mundo socialista, que novamente se volta para o sistema capitalista. Como se observa no mapa, a linha divisória entre o Norte e o Sul não é um paralelo (o Equador ou o trópico de Câncer) e sim uma linha com várias curvas, que dá voltas para encaixar melhor um ou outro país. Na parte leste ou oriental, por exemplo, essa linha dá a volta, vindo bem para o sul, para encaixar a Austrália e a Nova Zelândia no Norte industrializado. Já no leste asiático, a China e a Mongólia, situadas bem mais ao norte que esses dois países da Oceania, ficam encaixadas no Sul subdesenvolvido. Portanto, não se trata dos hemisférios norte e sul (divididos pelo Equador), como muitas vezes se imagina, e sim de um Norte e um Sul metafóricos ou econômico-sociais.
e) Os pólos de poder econômico:
Outra forma de dividir o espaço mundial, pois faz parte de uma tendência da nova ordem mundial que se concretiza, no mundo, na virada da década de 80 para os anos 90.
Áreas indefinidas no mapa:
·          CEI - Comunidade de Estados Independentes (ex-URSS) - Por um lado, pode vir a tornar-se uma periferia da Europa; por outro, pode ocorrer a incorporação das repúblicas meridionais e islâmicas ao Oriente Médio. Pode também vir a ser um mercado comum efetivo, menos importante que os três principais.
·          Oriente Médio - Área de disputa entre os três pólos ou centros importantes, com vantagem momentânea para os Estados Unidos; pode também vir a ser uma região original pela união dos povos e Estados islâmicos, com tendência a não se alinhar preferencialmente em nenhum dos três centros.
Nota.: Observe que a linha divisória Norte/Sul está representada por um traço bem forte, e a área de influência de cada um dos três principais centros mundiais de poder está limitada com traços fracos. Com isso quisemos mostrar que a oposição entre os países ricos ou industrializados e os países subdesenvolvidos é, algo mais visível e in¬discutível. A área de influência de cada pólo internacional é por enquanto fluida, relativamente indefinida, pois em muitos casos essas áreas se inter-penetram. Por exemplo, na área hipotética de influência dos Estados Unidos (como o Brasil ou a Argentina) há um aumento dos investimentos europeus. E na área teoricamente japonesa (como a Coréia do Sul ou Hong Kong), os investimentos de capitais norte-americanos superam os do Japão. Essas áreas de influência, portanto, devem ser vistas mais como tendências ou possibilidades e não como realidades fechadas.

02 – A NOVA (DE$) ORDEM MUNDIAL:
Desde a queda do Muro de Berlim, em novembro de 1989, um dos assuntos mais discutidos, na imprensa e nos círculos acadêmicos, é a emergência de uma Nova Ordem Mundial.
A Nova Ordem Internacional apresenta basicamente duas facetas, uma geopolítica e outra econômica. Na geopolítica, a grande mudança foi o fim da Guerra Fria e, conseqüentemente, da bipolarização de poder entre as duas superpotências, Estados Unidos e União Soviética, e dos Blocos Militares rivais por elas comandados. Com isso, abriu-se espaço para um mundo multipolar econômico do que bélico. Na economia, o grande fato novo é o aprofundamento do processo de globalização e a formação de blocos econômicos supranacionais.
Guerra Fria - Nova Ordem Mundial

As principais características da Nova (Des)Ordem Mundial, são:
a) Multipolaridade: deixa de existir uma ordem bi-polar e passam a existir novos pólos de poder no cenário mundial. Os três principais são os Estados Unidos, a Europa Ocidental e o Japão, que periferizam áreas no espaço mundial.
b) Poder: a lógica dessa ordem caracteriza um país como superpotência a partir da análise da disponibilidade de capitais, avanço tecnológico, qualificação da mão-de-obra, nível de produtividade e índices de competitividade.
c) Internacionalização do Capital: com o fim do bloco socialista houve a ampliação do comércio e da circulação de capital no espaço mundial, que passou a interligar os vários mercados existentes.
d) Interdependência: com a ampliação das trocas comerciais, os mercados ficam dependentes cada vez mais uns dos outros. Assim, qualquer abalo em uma economia, os efeitos surgirão em economias no mundo todo.
e) Ricos x Pobres: a diferença econômica e social entre os países ricos e os pobres intensificaram-se, já que no comércio mundial há uma dominação por parte dos países ricos, o padrão de vida é muito mais baixo nos países pobres, etc.
f) Globalização: embora este processo tivera seu início com as grandes navegações, ele intensificou-se na Nova Ordem Mundial, já que nela existem fatores que contribuem para o seu avanço, como o amplo avanço tecnológico, a integração espacial, o avanço nos meios de transporte e comunicação... sendo que a formação de um mercado global está mis próxima, embora existam processos que vem por travar seu avanço.
g) Regionalização: a formação de blocos aparece na Nova Ordem como uma alternativa de proteger as economias dos países mais da concorrência global e de fortalecer as economias inseridas em um bloco econômico ou de intensificar o comércio regional. Por isso caracteriza-se como um processo antagônico e complementar à Globalização.
h) Neoliberalismo: como a globalização transcende os aspectos econômicos e culturais, a política também passa por transformações, como a mudança do papel do estado, que se ausenta dos setores econômicos e sociais, ou seja, tendo seu papel enfraquecido, com um caráter Neoliberal no espaço mundial.

03 – A CRISE DO SOCIALISMO SOVIÉTICO

No período existente da bipolaridade, um dos mecanismos de dominação por parte das duas potências foram as organizações militares (OTAN e Pacto de Varsóvia), porém para a manutenção de tais foram aplicados grandes quantidades de capitais no setor bélico.  Nessas circunstâncias, para agravar a crise soviética, outros fatores contribuíram; tais como:
- as atividades industriais estavam obsoletas, o que não gerava recursos suficientes para a população. Isso porque os investimentos soviéticos eram aplicados inicialmente no seu arsenal nuclear;
- a atividades agrícolas também não conseguiam produzir alimentos suficientes;
- a corrupção pelos dirigentes do Partido Comunista que usufruíam de melhores condições de vida em oposição a maioria da população;
- o autoritarismo do partido que excluía qualquer liberdade de expressão contrária e etc.

3.1 – As Reformas:
A somatória desses fatores levaram o país a uma verdadeira crise sócio-econômica que nos anos 80 o seu novo líder Mikhail Gorbatchov lançou um amplo programa de reformas na eminência de reestruturar o país economicamente, dando a população liberdade de consumo numa tentativa de aliviar o quadro crítico social. Tais reformas foram:
A – Perestroika: que significa reconstrução, fazendo referência a necessidade de reconstruir a economia
soviética sobre novas bases a partir de uma relativa abertura para o capitalismo.
B - Glasnost: que significa transparência, onde o objetivo era expressar uma nova relação entre o poder e a sociedade. Com isso o pluripartidarismo estava lançado no seio da população.
Com as reformas postas em práticas por Gorbatchov, as mudanças, tanto no interior da URSS como nos países do Leste Europeu, começaram a acontecer de uma forma vertiginosa. Em certos casos ocorreram ‘reformas’ (Hungria, Polônia e Tchecoslováquia, além da reunificação alemã após a queda do muro em 1989) e ‘revoluções’ (Romênia que acabou com a morte de seu ditador Nicolae Ceausescu). Assim no início de 1991, foram realizadas as primeiras eleições democráticas no Leste europeu.
Com relação a união Soviética, as tensões haviam ampliado após tais reformas provocando divergência no interior do partido e nesse momento, data o ano de 1989 quando as “três irmãs” (Lituânia, Letônia e Estônia) declararam-se independentes aproveitando-se, inclusive da fragilidade das forças do Pacto de Varsóvia.
Posteriormente, em dezembro de 1991, o grande império vermelho se desmembrava, ou seja, sofria uma fragmentação político-territorial dando origem a Comunidade dos Estados Independentes (CEI).

3.2 – A DESINTEGRAÇÃO DO MUNDO SOVIÉTICO E O PAPEL DA CEI NA ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA REGIONAL

3.2.1 AS CONTRADIÇÕES DO SOCIALISMO REAL E A CRISE DO MUNDO SOVIÉTICO

3.2.2 – O TOTALITARISMO E A AVERSÃO DO POVO AOS REGIMES SOCIALISTAS:
Em todos os países que seguiram o modelo soviético, houve a ascensão de uma elite dirigente denominada de burocracia. Essa elite era formada por membros da cúpula do partido comunista que exerciam os cargos mais importantes no governo. A burocracia usufruía o melhor de tudo e para ser manter no poder, geralmente implantava um regime totalitário, caracterizado: pelo monopolismo partidário (a existência de um só partido); dogmatismo político e ausência de liberdades individuais. A ausência de democracia criou uma aversão da sociedade aos governos comunistas, já que a população, satisfeita em suas necessidades materiais básicas (educação, saúde, habitação), vislumbrava maior liberdade política e econômica, pois o socialismo “socializou os bens, mas privatizou os sonhos, enquanto o capitalismo privatizou os bens, mas socializou os sonhos”
(LEONARDO, Boff, Cadernos do terceiro mundo, 153).

O texto a seguir exemplifica a distância entre a sociedade e a burocracia governamental na Polônia.
“Segundo a doutrina oficial, vivemos num país socialista. Esta tese tem por base a identificação da propriedade estatal dos meios de produção com propriedade social O ato de nacionalização teria transferido a indústria, os transportes e os bancos para a sociedade (...). Esse raciocínio parece ser marxista. Na realidade introduziu se na teoria marxista um elemento que lhe é estranho, ou seja, a concepção formalista e jurídica da propriedade (...). A propriedade estatal dos meios de produção não é senão uma forma de propriedade. Pertencente aos grupos sociais a que pertence o Estado. (...) A quem pertence o poder do nosso Estado? A um só partido, praticamente monopolista. (...) Todas as decisões são tomadas inicialmente pelo partido e mais tarde, pelos organismos oficiais (...). Nenhuma decisão de importância pode ser tomada e realizada sem ter sido sancionada pelas autoridades do partido. O partido que governa tem p monopólio do poder. A classe operária não tem possibilidade de se organizar formando outros partidos (...). Como qualquer aparelho ele é organizado de maneira hierárquica. As informações circulam de baixo para cima e as decisões, as instruções, de cima para baixo. Como em todo aparelho hierarquizado, na origem das ordens encontram-se urna elite, um grupo de pessoas (...) que elabora as decisões fundamentais. No nosso sistema, a elite do Partido é ao mesmo tempo a elite governamental. (...) As decisões da elite são livres e independentes de qualquer controle por parte da classe operária e do resto da sociedade. (...) No nosso sistema não há capitais privados. As fábricas, as minas, as siderurgias, e tudo o que produzem, são propriedades do Estado. Mas, visto que o Estado se encontra nas mãos da burocracia política central, que dispõe dos meios de produção e explora a classe operária, a totalidade desses meios de produção transformou-se num “capital” nacional, centralizado e único. (...) A quem vende o operário a sua força de trabalho? Aqueles que dispõem dos meios de produção portanto a burocracia política central. A este título, a burocracia política central é uma classe dominante: tem o poder exclusivo sobre os meios de produção, compra a força de trabalho (...) que explora (.,) com o fim de reforçar e alargar o seu poder sobre a produção e a sociedade.”
(KURON, Jarek & MODZELEWSKI, Natal. Carta ao Partido Operário Polaco (acertos): Porto, editora Paisagem, 1975, p.23, 42-3) GEOGRAFIA HOJE - A FORMAÇÃO GEOGRÁFICA DO MUNDO CONTEMPORÂNEO Carlos Walier & e Jorge Luiz, editora ao livro técnico)

3.3 – CENTRALIZAÇÃO ECONÔMICA E O MILITARISMO
Os regimes socialistas, sobretudo a URSS mantiveram um crescimento econômico acelerado e concentrado nas indústrias de base até a década de 70, porém a partir desse contexto, a excessiva centralização do poder político e administrativo nas mãos da burocracia retardou a tomada de decisões e acabou impedindo o desenvolvimento das novas tecnologias que emergiam como a informática, robótica, telecomunicações e biotecnologia. Essa situação trouxe o atraso tecnológico dos setores de bens de consumo (alimentação, vestuário, remédios, eletrodomésticos e automóveis) repercutindo assim na queda da qualidade e na oferta de produtos. Esse fato explicava a existência das filas no cotidiano da ex-URSS, em função da escassez produtiva frente ao crescimento das necessidades de consumo da população, cada vez mais fascinada pelo modelo de vida dos países capitalistas desenvolvidos. Ao lado disso os interesses da burocracia em potencializar o seu poder mediante mais investimentos no setor militar, agravou a divisão do país, pois enquanto o mundo todo considerava a URSS uma potência bélica, a economia civil padecia de um crescente atraso tecnológico. Essa contradição é descrita de forma bem precisa no texto abaixo:

3.4 - A BUSCA DE SOLUÇÕES PARA AS CONTRADIÇÕES DO SOCIALISMO REAL
As contradições político-econômicas da URSS desencadearam mudanças substanciais, representadas pela Perestroika (reestruturação econômica) e Glasnost (abertura política), estas duas diretrizes surgiram com a ascensão de Mikail Gorbatchev ao poder em 1985. Gorbatchev diagnosticou a situação do iminente colapso do país e de sua periferia imediata e por isso buscou no ocidente apoio político e econômico para viabilizar tais reformas:

3.4.1 – AS REFORMAS PROPOSTAS

A) ABERTURA ECONÔMICA (PERESTROIKA)
• Abertura da economia ao capital estrangeiro e aproximação com os países ocidentais, sobretudo com os EUA.
• Inversão de prioridades econômica coma redução dos gastos militares e maior ênfase às indústrias de bens – de – consumo e à agropecuária para atender aos anseios da população.
• privatização de empresas estatais problemáticas.
• Redução da ajuda econômica aos países aliados do bloco socialista, sobretudo do leste europeu.
Objetivos: modernizar a economia da URSS visando superar o atraso tecnológico e adaptar o país à globalização para impedir a queda do socialismo.

B) A ABERTURA POLÍTICA (GLASNOST)
• Maior liberdade de expressão, com tolerância às criticas  contra o funcionamento de alguns órgãos de comunicação do governo.
• Liberdade religiosa para o funcionamento de seitas e religiões.
• Anistia política para os expurgados durante o período stalinista.
• Autonomia para as minorias étnicas que lutassem pelos seus direitos.
• Pluripartidarismo, quebrando o monopólio do partido comunista.
Objetivos: conceder democracia para conseguir o apoio do povo às reformas do governo e assim impedir a derrubada do socialismo.

4. PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES DO MUNDO SOVIÉTICO COM O ESGOTAMENTO DO SOCIALISMO REAL

4.1 – A PROLIFERAÇÃO DE CONFLITOS ÉTNICOS E O FIM DA URSS
A liberdade de expressão com a glasnost trouxe a tona rivalidades históricas entre as etnias de várias repúblicas (ucranianos, lituanos, armênios e outros) e as minorias russas que foram impostas nessas repúblicas durante o período ditatorial para a criação de uma identidade nacional que nunca foi concretizada. As etnias que habitavam as repúblicas soviéticas aproveitaram o fracasso da Perestroika e a autonomia da glasnost para declararem a independência das 15 repúblicas sob a liderança da Rússia, através da liderança de Boris Yeltsin. A fragmentação da URSS dava origem a 15 novos países, apesar da separação política essas nações mantiveram laços econômicos criando a CEI - Comunidade dos Estados Independentes que consiste numa Confederação de repúblicas, com fortes vínculos entre si, mas que preserva a soberania de cada uma das nações, não possui um governo central, mas sim um conselho de Chefes de Estados (embora a Rússia exerça certa liderança política, econômica e cultural). Tem urna moeda comum, o rublo, que circula em todas as repúblicas. Esta união foi oficializada pelo acordo de Minsk. Atualmente é mais que uma simples comunidade econômica, havendo livre circulação de bens, serviços, pessoas e mercadorias. “A abertura à expressão política para sociedade em massa deu vazão à pressão contida das identidades nacionais - distorcidas, reprimidas e manipuladas durante o stalinismo. A busca por fontes de identidade distintas da decadente ideologia comunista provocou o esfacelamento da ainda frágil identidade soviética, enfraquecendo o Estado soviético de forma decisiva. O nacionalismo, inclusive o russo, tomou-se a expressão máxima dos conflitos entre sociedade e Estado, sendo o fator político imediato que culminou no processo de desintegração da União Soviética.”
(Castels, 1999).



4.2 - A TRANSIÇÃO DO MUNDO SOVIÉTICO PARA O CAPITALISMO E A INSTABILIDADE ECONÔMICA DA CEI
A derrubada dos regimes comunistas representou a abertura do Leste Europeu para a economia de mercado. Os países da região, a começar pela Rússia, adotaram políticas neoliberais de forma acelerada, com a privatização de empresas estatais, liberação de preços e corte dos investimentos sociais. Em conseqüências de medidas houve aumento de preços com a elevação da inflação e conseqüentemente instabilidade financeira. O governo de alguns países como a Rússia foram obrigados a desvalorizar suas moedas, o que agravou o quadro de desequilíbrio culminando com a quebra da bolsa de valores do país. A instabilidade econômica tem reduzido as perspectivas de inserção da CEI na economia global em função dos seguintes fatores:


4.3 - A EXPANSÃO DO CRIME ORGANIZADO NOS PAÍSES DA CEI
Na nova Rússia, o crime organizado migrou do antigo mercado negro dos tempos do comunismo para setores da economia que não foram devidamente regulamentados. Sob a bênção de políticos e burocratas corruptos ¾ mais de 2.500 funcionários estão sob investigação judicial ¾, cerca de 200 organizações criminosas controlam desde o comércio de pedras preciosas até a pescaria comercial. Nas maiores cidades, a máfia russa controla todos os tentáculos do mercado de entretenimento, incluindo as grandes agências de modelos. Numa outra versão da prostituição na Rússia, as manequins só conseguem bons contratos se dormirem com o mafioso certo.”... A transição caótica da União Soviética para a economia de mercado propiciou condições ideais para a penetração generalizada do crime organizado nas atividades empresariais da Rússia e das demais repúblicas. Também induziu a proliferação de atividades criminais originárias da Rússia e da ex-União Soviética, tais como o tráfico ilegal de armas, materiais nucleares, metais raros, petróleo, recursos naturais e moeda. As organizações criminosas internacionais associaram-se a centenas de redes das máfias pós-soviéticas, muitas delas organizadas em torno de determinadas etnias (chechenos, azeris, georgianos, etc.), para lavar dinheiro, adquirir propriedades de valor e assumir o controle de negócios lucrativos, tanto legais quanto ilegais. Um relatório de 1994 sobre o crime organizado, realizado pelo Centro de Análise de Política Social e Econômica do Gabinete da Presidência da Rússia estimou que, praticamente, todos os negócios privados de pequeno porte estavam pagando tributo a grupos criminosos. Quanto às empresas privadas e bancos comerciais de maior porte, constatou-se que de 70% a 80% deles também estavam pagando proteção a grupos criminosos. Esses pagamentos representavam de 10% a 20% do faturamento dessas firmas, montante equivalente a mais da metade de seus lucros. Os novos ricos da Rússia passaram a comandar seus negócios em Moscou on-line de suas mansões na Califórnia, para escapar das ameaças dirigidas a eles próprios e a suas famílias, ao mesmo tempo mantendo seu envolvimento diário nas transações que lhes davam a oportunidade de fazer uma fortuna praticamente sem paralelo no mundo. Com freqüência, o cumprimento de contratos comerciais, em um meio legal incerto, era assegurado através de intimidações e, às vezes, por meio de assassinatos. Nem sempre o crime organizado ficava satisfeito em subcontratar agentes que usavam de violência ou operações ilegais a troco de determinada quantia paga a título de ‘contribuição’. Queria e, em geral, conseguia participação no negócio, seja sob a forma de ações, seja, mais freqüentemente, em dinheiro ou, então, favores especiais, tais como empréstimos a taxas de juros preferenciais ou oportunidades de praticar contrabando. No setor privado, as empresas vinham pagando ‘impostos’ às organizações criminosas em vez de contribuir para o governo. Na realidade, a ameaça de denunciar a sonegação fiscal praticada pelas empresas aos fiscais do governo era um dos métodos de extorsão utilizados pelo crime organizado”.
(Fonte: A conexão perversa: a economia do crime global: Fim de Milênio, Manuel Castells. São Paulo: Paz e Terra. 1999)


LEITURA COMPLEMENTAR

QUEDA DO MURO DE BERLIM
Na noite de 9 novembro de 1989, um comunicado confuso das autoridades comunistas da Alemanha Oriental liberava a passagem nos postos de controle da fronteira berlinense. O Muro de Berlim, símbolo principal da Guerra Fria, era desativado, como conseqüência das manifestações populares que desmoralizavam o governo da República Democrática Alemã (RDA).
Uma multidão incrédula e exultante de cidadãos da parte Ocidental da cidade atravessa livremente, pela primeira vez, a barreira que dividia a velha capital Alemã. Em meio aos fogos e à festa nas de Berlim, terminava o período histórico da Guerra Fria.
Esse acontecimento, cronologicamente tão próximo de nós, já parece distante. Depois dele, a União Soviética entrou em decomposição, originando quinze estados independentes e inúmeros focos de tensão conflito militar. Ao mesmo tempo, a Iugoslávia deixara de existir, sob o impacto dos choques dos nacionalismos balcânicos.
Mais recentemente, a Tcheco-Eslováquia anunciava a separação, fragmentando-se nas suas duas componentes históricas: as repúblicas checa e eslovaca. Desenha-se, enfim, um novo mapa no espaço que antes era ocupado pela União Soviética e suas áreas de influência.
A Europa foi o cenário principal da Guerra Fria. A bipartição do continente em blocos geopolíticos e alianças militares antagônicas – O pacto de Varsóvia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) – refletia a bipolaridade de poder mundial.
A velha ordem mundial, a ordem da Guerra Fria, estruturava-se em trono do conflito entre os Estados Unidos e a União Soviética. Nascida da Segunda Guerra, essa ordem apoiava-se sobre a divisão da Alemanha, síntese da divisão Européia. A reunificação alemã de 1990 assinalou a reorganização de toda a geometria do poder no espaço europeu.
O novo mapa do mundo está voltado para a discussão das transformações recentes na organização do espaço mundial. Essa expressão designa uma realidade mais complexa que a Guerra Fria, pois emergem novas potências, como Japão e Alemanha unificada, característica da multipolaridade de poder planetário. Ela reflete também a dissolução do conflito ideológico entre o capitalismo e o socialismo e a reaparição das guerras nacionalistas na Europa e na Ásia.
A “nova ordem” internacional não está estruturada em torno de dois pólos de poder, mas sobre megablocos econômicos e geopolíticos. O processo tumultuado da unificação européia, a criação do mercado comum da América do Norte (Nafta) e a consolidação da zona econômica do Pacífico são dimensões de um novo estágio da economia mundial, que dissolve as fronteiras nacionais.
O poder do dinheiro - e a “guerra comercial ”que se anuncia entre os megablocos econômicos -  substitui o poder das armas e o velho espectro da guerra nuclear. As disparidades entre a riqueza e pobreza acentuam o abismo Norte – Sul, um novo antagonismo que substitui o velho conflito Leste-Oeste. Contudo a pobreza se dissemina também no Norte: não só na Europa Oriental e antiga União Soviética como nas prósperas potências européias e nos Estados Unidos.

Bibliografia: Coleção Polêmica, O novo mapa do Mundo, Demétrio Magnoli, Editora Moderna