Professor: ADONAY - LITERATURA

          

LITERATURA - PROFESSOR ADONAY

“NO MOINHO” – EÇA DE QUEIRÓS
D. Maria da Piedade era considerada em toda a vila como "uma senhora modelo". O velho Nunes, diretor do correio, sempre que se falava nela, dizia, acariciando com autoridade os quatro pêlos da calva:
— A vila tinha quase orgulho na sua beleza delicada e tocante; era uma loura, de perfil fino, a pele ebúrnea, e os olhos escuros de um tom de violeta, a que as pestanas longas escureciam mais o brilho sombrio e doce. Morava ao fim da estrada, numa casa azul de três sacadas; e era, para a gente que às tardes ia fazer o giro até ao moinho, um encanto sempre novo vê-la por trás da vidraça, entre as cortinas de cassa, curvada sobre a sua costura, vestida de preto, recolhida e séria. Poucas vezes saía. O marido, mais velho que ela, era um inválido, sempre de cama, inutilizado por uma doença de espinha; havia anos que não descia à rua; avistavam-no às vezes também à janela murcho e trôpego, agarrado à bengala, encolhido na robe-de-chambre, com uma face macilenta, a barba desleixada e com um barretinho de seda enterrado melancolicamente até ao cachaço. Os filhos, duas rapariguitas e um rapaz, eram também doentes, crescendo pouco e com dificuldade, cheios de tumores nas orelhas, chorões e tristonhos. A casa, interiormente, parecia lúgubre.
Maria da Piedade vivia assim, desde os vinte anos. Mesmo em solteira, em casa dos pais, a sua existência fora triste. A mãe era uma criatura desagradável e azeda; o pai, que se empenhara pelas tavernas e pelas batotas, já velho, sempre bêbedo, os dias que aparecia em casa passava-os à lareira, num silêncio sombrio, cachimbando e escarrando para as cinzas. Todas as semanas desancava a mulher. E quando João Coutinho pediu Maria em casamento, apesar de doente já, ela aceitou, sem hesitação, quase com reconhecimento, para salvar o casebre da penhora, não ouvir mais os gritos da mãe, que a faziam tremer, rezar, em cima no seu quarto, onde a chuva entrava pelo telhado. Não amava o marido, decerto; e mesmo na vila tinha-se lamentado que aquele lindo rosto de Virgem Maria, aquela figura de fada, fosse pertencer ao Joãozinho Coutinho, que desde rapaz fora sempre entrevado. O Coutinho, por morte do pai, ficara rico; e ela, acostumada por fim àquele marido rabugento, que passava o dia arrastando-se sombriamente da sala para a alcova, ter-se-ia resignado, na sua natureza de enfermeira e de consoladora, se os filhos ao menos tivessem nascido sãos e robustos. Mas aquela família que lhe vinha com o sangue viciado, aquelas existências hesitantes, que depois pareciam apodrecer-lhe nas mãos, apesar dos seus cuidados inquietos, acabrunhavam-na. Às vezes só, picando a sua costura, corriam-lhe as lágrimas pela face: uma fadiga da vida invadia-a, como uma névoa que lhe escurecia a alma.
Mas se o marido de dentro chamava desesperado, ou um dos pequenos choramingava, lá limpava os olhos, lá aparecia com a sua bonita face tranquila, com alguma palavra consoladora, compondo a almofada a um, indo animar a outro, feliz em ser boa. Toda a sua ambição era ver o seu pequeno mundo bem tratado e bem acarinhado. Nunca tivera desde casada uma curiosidade, um desejo, um capricho: nada a interessava na terra senão as horas dos remédios e o sono dos seus doentes. Todo o esforço lhe era fácil quando era para os contentar: apesar de fraca, passeava horas trazendo ao colo o pequerrucho, que era o mais impertinente, com as feridas que faziam dos seus pobres beicinhos uma crosta escura: durante as insônias do marido não dormia também, sentada ao pé da cama, conversando, lendo-lhe as Vidas dos Santos, porque o pobre entrevado ia caindo em devoção. De manhã estava um pouco mais pálida, mas toda correta no seu vestido preto, fresca, com os bandós bem lustrosos, fazendo-se bonita para ir dar as sopas de leite aos pequerruchos. A sua única distração era à tarde sentar-se à janela com a sua costura, e a pequenada em roda aninhada no chão, brincando tristemente.
Vendo-a assim tão resignada e tão sujeita, algumas senhoras da vila afirmavam que ela era beata; todavia ninguém a avistava na igreja, a não ser ao domingo, com o pequerrucho mais velho pela mão, todo pálido no seu vestido de veludo azul. Com efeito, a sua devoção limitava-se a esta missa todas as semanas.
Tais ocupações bastavam para entreter o seu dia: o marido, de resto, detestava visitas, o aspecto de caras saudáveis, as comiserações de cerimônia; e passavam-se meses sem que em casa de Maria da Piedade se ouvisse outra voz estranha à família, a não ser a do dr. Abílio - que a adorava, e que dizia dela com os olhos esgazeados:
— É uma fada! É uma fada!...
Foi por isso grande a excitação na casa, quando João Coutinho recebeu uma carta de seu primo Adrião, que lhe anunciava que em duas ou três semanas ia chegar à vila. Adrião era um homem célebre, e o marido da Maria da Piedade tinha naquele parente um orgulho enfático. Assinara mesmo um jornal de Lisboa, só para ver o seu nome nas locais e na crítica. Adrião era um romancista: e o seu último livro, Madalena, um estudo de mulher trabalhado a grande estilo, duma análise delicada e sutil, consagrara-o como um mestre. A sua fama, que chegara até à vila, num vago de legenda, apresentava-o como uma personalidade interessante, um herói de Lisboa, amado das fidalgas, impetuoso e brilhante, destinado a uma alta situação no Estado. Mas realmente na vila era sobretudo notável por ser primo do João Coutinho.
D. Maria da Piedade ficou aterrada com esta visita. E a brusca invasão daquele mundano, com as suas malas, o fumo do seu charuto, a sua alegria de são, na paz triste do seu hospital, dava-lhe a impressão apavorada duma profanação. Foi por isso um alívio, quase um reconhecimento, quando Adrião chegou e muito simplesmente se instalou na antiga estalagem do tio André, à outra extremidade da vila. João Coutinho escandalizou-se: tinha já o quarto do hóspede preparado, com lençóis de rendas, uma colcha de damasco, pratas sobre a cômoda, e queria-o todo para si, o primo, o homem célebre, o grande autor... Adrião porém recusou:
— Eu tenho os meus hábitos, vocês têm os seus... Não nos contrariemos, hem?... o que faço é vir cá jantar. De resto, não estou mal no tio André... Vejo da janela um moinho e uma represa que são um quadrozinho delicioso... E ficamos amigos, não é verdade?
Maria da Piedade olhava-o assombrada: aquele herói, aquele fascinador por quem choravam mulheres, aquele poeta que os jornais glorificavam, era um sujeito extremamente simples, - muito menos complicado, menos espetaculoso que o filho do recebedor! Além disso não fazia frases; e a primeira vez que veio jantar, falou apenas, com grande bonomia, dos seus negócios. Viera por eles. Da fortuna do pai, a única terra que não estava devorada, ou abominàvelmente hipotecada, era a Curgossa, uma fazenda ao pé da vila, que andava além disso mal arrendada... o que ele desejava era vendê-la. Mas isso parecia-lhe a ele tão difícil como fazer a Ilíada!... E lamentava sinceramente ver o primo ali, inútil sobre uma cama, sem o poder ajudar nesses passos a dar com os proprietários da vila. Foi por isso, com grande alegria, que ouviu João Coutinho declarar-lhe que a mulher era uma administradora de primeira ordem, e hábil nestas questões como um antigo rábula!...
— Ela vai contigo ver a fazenda, fala com o Teles, e arranja-te isso tudo... E na questão de preço, deixa-a a ela!...
— Mas que superioridade, prima! - exclamou Adrião maravilhado. - Um anjo que entende de cifras!
Pela primeira vez na sua existência Maria da Piedade corou com a palavra dum homem. De resto prontificou-se logo a ser a procuradora do primo...
No outro dia foram ver a fazenda. Como ficava perto, e era um dia de março fresco e claro, partiram a pé. Ao princípio, Acanhada por aquela companhia de um leão, a pobre senhora caminhava junto dele com o ar de um pássaro assustado: apesar de ele ser tão simples, havia na sua figura enérgica e musculosa, no timbre rico da sua voz, nos seus olhos, nos seus olhos pequenos e luzidios alguma coisa de forte, de dominante, que a enleava. Tinha-se-lhe prendido à orla do seu vestido um galho de silvado, e como ele se abaixara para o desprender delicadamente, o contato daquela mão branca e fina de artista na orla da sua saia incomodou-a singularmente. Apressava o passo para chegar bem depressa à fazenda, aviar o negócio com o Teles e voltar imediatamente a refugiar-se, como no seu elemento próprio, no ar abafado e triste do seu hospital. Mas a estrada estendia-se, branca e longa, sob o sol tépido - e a conversa de Adrião foi-a lentamente acostumando à sua presença.
Ele parecia desolado daquela tristeza da casa. Ela também assim o julgava: mas quê! o pobre João, sempre que se lhe falava de ir passar algum tempo à quinta, afligia-se terrivelmente: tinha horror aos grandes ares e aos grandes horizontes: a natureza forte fazia-o quase desmaiar; tornara-se um ser artificial, encafuado entre os cortinados da cama...
Ele então lamentou-a. decerto poderia haver alguma satisfação num dever tão santamente cumprido... Mas, enfim, ela devia ter momentos em que desejasse alguma outra coisa além daquelas quatro paredes, impregnadas do bafo de doença...
— Que hei-de eu desejar mais? - disse ela.
Adrião calou-se: pareceu-lhe absurdo supor que ela desejasse, realmente, o Chiado ou o Teatro da Trindade... No que ele pensava era noutros apetites, nas ambições do coração insatisfeito... Mas isto pareceu-lhe tão delicado, tão grave de dizer àquela criatura virginal e séria - que falou da paisagem...
— Já viu o moinho? - perguntou-lhe ela.
— Tenho vontade de o ver, se mo quiser ir mostrar, prima.
— Hoje é tarde.
Combinaram logo ir visitar esse recanto de verdura, que era o idílio da vila.
Na fazenda, a longa conversa com o Teles criou uma aproximação maior entre Adrião e Maria da Piedade. Aquela venda que ela discutia com uma astúcia de aldeã punha entre eles como que um interesse comum.
Achava absurdo e infame fazer a corte à prima... Mas involuntàriamente pensava no delicioso prazer de fazer bater aquele coração que não estava deformado pelo espartilho, e de pôr enfim os seus lábios numa face onde não houvesse pós de arroz... E o que o tentava sobretudo era pensar que poderia percorrer toda a província em Portugal, sem encontrar nem aquela linha de corpo, nem aquela virgindade tocante de alma adormecida... Era uma ocasião que não voltava.
O passeio ao moinho foi encantador. Era um recanto de natureza, digno de Corot, sobretudo à hora do meio-dia em que eles lá foram, com a frescura da verdura, a sombra recolhida das grandes árvores, e toda a sorte de murmúrios de água corrente, fugindo, reluzindo entre os musgos e as pedras, levando e espalhando no ar o frio da folhagem, da relva, por onde corriam cantando. O moinho era dum alto pitoresco, com a sua velha edificação de pedra secular, a sua roda enorme, quase podre, coberta de ervas, imóvel sobre a gelada limpidez da água escura. Adrião achou-o digno duma cena de romance, ou, melhor, da morada duma fada. Maria da Piedade não dizia nada, achando extraordinária aquela admiração pelo moinho abandonado do tio Costa. Como ela vinha um pouco cansada, sentaram-se numa escada desconjuntada de pedra, que mergulhava na água da represa os últimos degraus: e ali ficaram um momento calados, no encanto daquela frescura murmurosa, ouvindo as aves piarem nas ramas. Adrião via-a de perfil, um pouco curvada, esburacando com a ponteira do guarda-sol as ervas bravas que invadiam os degraus: era deliciosa assim, tão branca, tão loura, duma linha tão pura, sobre o fundo azul do ar: o seu chapéu era de mau gosto, o seu mantelete antiquado, mas ele achava nisso mesmo uma ingenuidade picante. O silêncio dos campos em redor isolava-os - e, insensivelmente, ele começou a falar-lhe baixo. Era ainda a mesma compaixão pela melancolia da sua existência naquela triste vila, pelo seu destino de enfermeira... Ela escutava-o de olhos baixos, pasmada de se achar ali tão só com aquele homem tão robusto, toda receosa e achando um sabor delicioso ao seu receio... Houve um momento em que ele falou do encanto de ficar ali para sempre na vila.

— Ficar aqui? Para quê? - perguntou ela, sorrindo.
— Para quê? para isto, para estar sempre ao pé de si...
Ela cobriu-se de um rubor, o guarda-solinho escapou-lhe das mãos. Adrião receou tê-la ofendido, e acrescentou logo rindo:
— Pois não era delicioso?... Eu podia alugar este moinho, fazer-me moleiro... A prima havia de me dar a sua freguesia...
Isto fê-la rir; era mais linda quando ria: tudo brilhava nela, os dentes, a pele, a cor do cabelo. Ele continuou gracejando, com o seu plano de se fazer moleiro, e de ir pela estrada tocando o burro, carregado de sacas de farinha.
— E eu venho ajudá-lo, primo! - disse ela, animada pelo seu próprio riso, pela alegria daquele homem a seu lado.
— Vem? - exclamou ele. - Juro-lhe que me faço moleiro! Que paraíso, nós aqui ambos no moinho, ganhando alegremente a nossa vida, e ouvindo cantar esses melros!
Ela corou outra vez do fervor da sua voz, e recuou como se ele fosse já arrebatá-la para o moinho. Mas Adrião agora, inflamado àquela idéia, pintava-lhe na sua palavra colorida toda uma vida romanesca, de uma felicidade idílica, naquele esconderijo de verdura: de manhã, a pé cedo, para o trabalho; depois o jantar na relva à beira da água; e à noite as boas palestras ali sentados, à claridade das estrelas ou sob a sombra cálida dos céus negros de verão...
E de repente, sem que ela resistisse, prendeu-a nos braços, e beijou-a sobre os lábios, dum só beijo profundo e interminável. Ela tinha ficado contra o seu peito, branca, como morta: e duas lágrimas corriam-lhe ao comprido da face. Era assim tão dolorosa e fraca, que ele soltou-a; ela ergueu-se, apanhou o guarda-solinho e ficou diante dele, com o beicinho a tremer, murmurando:
— É malfeito... É malfeito...
Ele mesmo estava tão perturbado - que a deixou descer para o caminho: e daí a um momento, seguiam ambos calados para a vila. Foi só na estalagem que ele pensou:
— Fui um tolo!
Mas no fundo estava contente da sua generosidade. À noite foi à casa dela: encontrou-a com o pequerrucho no colo, lavando-lhe em água de malva as feridas que ele tinha na perna. E então, pareceu-lhe odioso distrair aquela mulher dos seus doentes. De resto um momento como aquele no moinho não voltaria. Seria absurdo ficar ali, naquele canto odioso da província, desmoralizando, a frio, uma boa mãe... A venda da fazenda estava concluída. Por isso, no dia seguinte, apareceu de tarde, a dizer-lhe adeus: partia à noitinha na diligência: encontrou-a na sala, à janela costumada, com a pequenada doente aninhada contra as suas saias... Ouviu que ele partia, sem lhe mudar a cor, sem lhe arfar o peito. Mas Adrião achou-lhe a palma da mão tão fria como um mármore: e quando ele saiu, Maria da Piedade ficou voltada para a janela escondendo a face dos pequenos, olhando abstratamente a paisagem que escurecia, com as lágrimas, quatro a quatro, caindo-lhe na costura...
Amava-o. Desde os primeiros dias, a sua figura resoluta e forte, os seus olhos luzidios, toda a virilidade da sua pessoa, se lhe tinham apossado da imaginação. O que a encantava nele não era o seu talento, nem a sua celebridade em Lisboa, nem as mulheres que o tinham amado: isso para ela aparecia-lhe vago e pouco compreensível: o que a fascinava era aquela seriedade, aquele ar honesto e são, aquela robustez de vida, aquela voz tão grave e tão rica; e antevia, para além da sua existência ligada a um inválido, outras existências possíveis, em que se não vê sempre diante dos olhos uma face fraca e moribunda, em que as noites se não passam a esperar as horas dos remédios.
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Depois ele deu-lhe aquele beijo no moinho.
E partira!
Então começou para Maria da Piedade uma existência de abandonada. Tudo de repente em volta dela - a doença do marido, achaques dos filhos, tristezas do seu dia, a sua costura - lhe pareceu lúgubre. Os seus deveres, agora que não punha neles toda a sua alma, eram-lhe pesados como fardos injustos. A sua vida representava-se-lhe como desgraça excepcional: não se revoltava ainda: mas tinha desses abatimentos, dessas súbitas fadigas de todo o seu ser, em que caía sobre a cadeira, com os braços pendentes, murmurando:
— Quando se acabará isto?
Refugiava-se então naquele amor como uma compensação deliciosa.
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Leu todos os seus livros, sobretudo aquela Madalena que também amara, e morrera dum abandono. Essas leituras calmavam-na, davam-lhe como uma vaga satisfação ao desejo. Chorando as dores das heroínas de romance, parecia sentir alívio às suas.
Lentamente, essa necessidade de encher a imaginação desses lances de amor, de dramas infelizes, apoderou-se dela. Foi durante meses um devorar constante de romances. Ia-se assim criando no seu espírito um mundo artificial e idealizado. A realidade tornava-se-lhe odiosa, sobretudo sob aquele aspecto da sua casa, onde encontrava sempre agarrado às saias um ser enfermo. Vieram as primeiras revoltas. Tornou-se impaciente e áspera. Não suportava ser arrancada aos episódios sentimentais do seu livro, para ir ajudar a voltar o marido e sentir-lhe o hálito mau. Veio-lhe o nojo das garrafadas, dos emplastros, das feridas dos pequenos a lavar. Começou a ler versos. Passava horas só, num mutismo, à janela, tendo sob o seu olhar de virgem loura toda a rebelião duma apaixonada. Acreditava nos amantes que escalam os balcões, entre o canto dos rouxinóis: e queria ser amada assim, possuída num mistério de noite romântica...
O seu amor desprendeu-se pouco a pouco da imagem de Adrião e alargou-se, estendeu-se a um ser vago que era feito de tudo o que a encantara nos heróis de novela; era um ente meio príncipe e meio facínora, que tinha, sobretudo, a força. Porque era isto que admirava, que queria, por que ansiava nas noites cálidas em que não podia dormir - dois braços fortes como aço, que a apertassem num abraço mortal, dois lábios de fogo que, num beijo, lhe chupassem a alma. Estava uma histérica.
Às vezes, ao pé do leito do marido, vendo diante de si aquele corpo de tísico, numa imobilidade de entrevado, vinha-lhe um ódio torpe, um desejo de lhe apressar a morte...
E no meio desta excitação mórbida do temperamento irritado, eram fraquezas súbitas, sustos de ave que pousa, um grito ao ouvir bater uma porta, uma palidez de desmaio se havia na sala flores muito cheirosas... À noite abafava; abria a janela; mas o cálido ar, o bafo morno da terra aquecida do sol, enchiam-na dum desejo intenso, duma ânsia voluptuosa, cortada de crises de choro.
E o romanticismo mórbido tinha penetrado naquele ser, e desmoralizara-o tão profundamente, que chegou ao momento em que bastaria que um homem lhe tocasse, para ela lhe cair nos braços: - e foi o que sucedeu enfim, com o primeiro que a namorou, daí a dois anos. Era o praticante da botica.
Por causa dele escandalizou toda a vila. E agora, deixa a casa numa desordem, os filhos sujos e ramelosos, em farrapos, sem comer até altas horas, o marido a gemer abandonado na sua alcova, toda a trapagem dos emplastros por cima das cadeiras, tudo num desamparo torpe - para andar atrás do homem, um maganão odioso e sebento, de cara balofa e gordalhufa, luneta preta com grossa fita passada atrás da orelha e bonezinho de seda posto à catita. Vem de noite às entrevistas de chinelo de ourelo: cheira a suor: e pede-lhe dinheiro emprestado para sustentar uma Joana, criatura obesa, a quem chamam na vila a bola de unto.


Observações:
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Prof. Carlos Junior - BIOLOGIA


Exercício sobre Fotossíntese e Quimiossíntese


1. (UEPB) Entre outras organelas, a célula vegetal apresenta mitocôndrias e cloroplastos, com funções especializadas. Entre as substâncias citadas a seguir, é produzido(a) nos cloroplastos e pode ser utilizado(a) nas mitocôndrias:
a) o ATP.                   d) o ácido pirúvico
b) a glicose.               e) o oxigênio    
c) o gás carbônico.

2. (PUC-RS) Sobre a fotossíntese, indique a alternativa correta.
a) A reação fotossintética é realizada sempre no escuro, ou seja, na ausência de luz solar.
b) O oxigênio liberado na reação é proveniente da molécula de gás carbônico (CO2).
c) A redução do gás carbônico (CO2) na fotofosforilação cíclica.
d) A glicose pode ser formada tanto na fase clara como na fase escura.
e) Para que haja produção de oxigênio é fundamental a presença de luz solar.

3. (Fuvest-SP) Em determinada condição de luminosidade (ponto de compensação fótica), uma planta devolve para o ambiente, na forma de gás carbônico, a mesma quantidade de carbono que fixa, na forma de carboidrato, durante a fotossíntese. Se o ponto de compensação fótico é mantido por certo tempo, a planta:
a) morre rapidamente, pois não consegue o suprimento energético de que necessita.
b) continua crescendo, pois mantém a capacidade de retirar água e alimento do solo.
c) continua crescendo, pois mantém a capacidade de armazenar o alimento que sintetiza.
d) continua viva, mas não cresce, pois consome todo o alimento que produz.
e) continua viva, mas não cresce, pois perde a capacidade de retirar do solo os nutrientes de necessita.

4. (Vunesp) a produção de açúcar poderia ocorrer independentemente da etapa fotoquímica da fotossíntese se os cloroplastos fossem providos com um suplemento constante de:
a) clorofila.                 d) oxigênio
b) ATP e NADPH2.       e) água.
c) ADP e NADP
5. (Udesc-SC) A quimiossíntese é a produção de matéria orgânica, realizada a partir de substâncias minerais simples, usando somente energia química e é:
a) apresentada por todos os vegetais.
b) apresentada somente pelos animais.
c) apresentada pelos vírus.
d) apresentada por todos os animais e alguns vegetais.
e) apresentada por pequeno número de bactérias autotróficas.

6. (PUC-PR) A fotossíntese é o processo nutritivo fundamental dos seres vivos, que ocorre em algas e nos vegetais com a produção de moléculas orgânicas a partir de gás carbônico e água e a utilização de energia luminosa. Realiza-se em duas fases: a fase luminosa e a fase escura.
Assinale as afirmações referentes a esta s fases:
I – Na fase luminosa ocorre absorção da luz e a transformação da energia luminosa em energia de ATP.
II – Na fase luminosa também ocorre a quebra das moléculas de água em hidrogênio e oxigênio, sendo este último liberado pela planta.
III – A fase escura ocorre no tilacoides do cloroplasto e compreende a construção de glicídios a partir de moléculas de CO2 do ambiente.
Está correto ou estão corretas:
a) apenas a III.
b) apenas a II.
c) apenas a I.
d) apenas a II e III.
e) apenas I e II.

7. (Unijuí-RS) No processo da fotossíntese, as plantas:
a) absorvem oxigênio, liberam gás carbônico e emitem a luz solar.
b) absorvem oxigênio, liberam gás carbônico e produzem açúcares.
c) absorvem oxigênio, absorvem gás carbônico e produzem açúcares.
d) absorvem gás carbônico, liberam oxigênio e produzem açúcares.
e) absorvem gás carbônico, absorvem oxigênio e produzem mel.

8. Depois de uma aula de ciências, uma criança da quarta série aprendeu que a fotossíntese ocorria com os vegetais e a respiração com os animais. Ao chegar em casa ela disse para sua mãe: - Mãe, as plantas realizam a fotossíntese e os animais respiram! É assim que elas vivem, cada uma do seu jeito.
Qual o erro que a criança estava cometendo em seu raciocínio?
a) Plantas e animais fazem fotossíntese.
b) Plantas fazem fotossíntese de dia, mas somente à noite respiram.
c) Plantas fazem fotossíntese e respiram de dia e de noite.
d) Plantas fazem fotossíntese de dia e, como os animais, respiram ininterruptamente.
e) Plantas respiram CO2 e eliminam O2

9. (Unifesp) Considere as duas afirmações que seguem.
I – A energia luminosa é transformada em energia química.
II – A energia química acumulada é transformada em outra forma de energia química, que permite sua utilização imediata.
É correto afirmar que:
a) I corresponde à fotossíntese e II, à quimiossíntese. Ambos os processos ocorrem numa mesma célula, em momentos diferentes.
b) I corresponde à fotossíntese e II, à respiração. Esses processos não ocorrem numa mesma célula.
c) I corresponde à fotossíntese e II, à respiração. Ambos os processos ocorrem numa mesma célula, em momentos simultâneos.
d) I corresponde a quimiossíntese e II, à respiração. Esses processos não ocorrem numa mesma célula.
e) I corresponde à fotossíntese e II, à fermentação. Ambos os processos ocorrem numa mesma célula, em momentos diferentes.

10. (UEMS) Se uma planta é regada com água marcada com o isótopo radioativo do oxigênio O18, verifica-se que:
a) o oxigênio liberado na fotossíntese é O18, logo, esse gás é proveniente do CO2.
b) o oxigênio liberado na fotossíntese é O18, comprovando que esse gás é proveniente da água.
c) o oxigênio liberado na fotossíntese é O16, esse gás é proveniente do CO2.
d) o oxigênio liberado na fotossíntese é O16, comprovando que esse gás é proveniente da água.
e) o CO2 liberado na fotossíntese contém O18, logo, esse gás é proveniente da água.

11. (UFMA) Em relação ao processo de fotossíntese, é falso afirmar:
a) durante a fotossíntese, ocorrem reações químicas que transformam moléculas de gás carbônico e água em moléculas orgânicas mais oxigênio.
b) O ATP e NADPH2, produzidos pela fotofosforilação, são utilizados na etapa química da fotossíntese.
c) a energia química produzida pela fotossíntese fica armazenada nas ligações das moléculas orgânicas.
d) a fotossíntese ocorre em duas etapas, sendo uma delas dependente da presença de luz e a outra não.
e) a etapa química da fotossíntese consiste basicamente na fixação de carbono e oxigênio para a produção de compostos orgânicos.

12. O cloroplasto, organela citoplasmática na qual ocorre a fotossíntese, apresenta duas membranas que o envolvem e inúmeras bolsas membranosas. A respeito do cloroplasto, analise as afirmações a seguir.
1. É envolto por duas membranas de constituição lipoprotéica e possui internamente um elaborado sistema de bolsas membranosas, interligadas, cada uma chamada tilacoides.
2. Apresenta estruturas que lembram pilhas de moedas, sendo cada pilha denominada “granum”.
3. Contém moléculas de clorofila organizadas nos tilacoides e, no espaço interno do cloroplasto, fica o estroma.
Está(ão) correta(s):
a) 1 apenas.
b) 1 e 2 apenas.
c) 1, 2 e 3.
d) 2 e 3 apenas.
e) 3 apenas.

13. (Fuvest-SP) Dois importantes processos metabólicos são:
I. Ciclo de Krebs, ou ciclo do ácido cítrico, no qual moléculas orgânicas são degradadas e seus carbonos, liberados como gás carbônico (CO2);
II. Ciclo de Kalvin Benson, ou ciclo das pentoses, no qual os carbonos do gás carbônico são incorporados em moléculas orgânicas.
Qual alternativa indica corretamente os ciclos presentes nos organismos citados?

Humanos
Plantas
Algas
Lêvedo
I e II
I e II
I e II
Apenas I
I e II
Apenas II
Apenas II
I e II
I e II
I e II
I e II
I e II
Apenas I
I e II
I e II
Apenas I
Apenas I
Apenas II
Apenas II
Apenas I


a)
b)
c)
d)
e)



Prof. Jobson - REDAÇÃO

PRÉ-VESTIBULAR MUNICIPAL 2013
DISCIPLINA: REDAÇÃO
PROFESSOR: J. PANTOJA

01. Assinale a opção que apresenta erro de pontuação:
a) Sem reforma, social, as desigualdades entre as cidades brasileiras, crescerão sempre...
b) No Brasil, a diferença social é motivo de constante preocupação.
c) O candidato que chegou atrasado fez um ótimo teste no IBGE.
d) Tenho esperanças, pois a situação econômica não demora a mudar.
e) Ainda não houve tempo, mas, em breve, as providências serão tomadas.
02. Assinale a alternativa que contenha emprego incorreto da vírgula:
1. Arrumou as malas, saiu, lançou-se na vida.
2. Os visados éramos nós, e eles foram violentamente torturados.
3. Eu contesto, a justiça que mata
4. Preciso ouvir, disse o velho ao menino, a causa desse ressentimento.
5. O período consta de dez orações, porque esse é o número exato de verbos.
03. Em "A menina, conforme as ordens recebidas, estudou bastante":
a) há erro na colocação das vírgulas
b) a primeira vírgula deve ser omitida
c) a segunda vírgula deve ser omitida
d) a forma de colocação das vírgulas está correta
04. Assinale a alternativa cuja frase está corretamente pontuada:
a) O sol que é uma estrela, é o centro do nosso sistema planetário.
b) Ele, modestamente se retirou.
c) Você pretende cursar Medicina; ela, Odontologia.
d) Confessou-lhe tudo; ciúme, ódio, inveja.
e) Estas cidades se constituem, na maior parte de imigrantes alemães.
05. "Os textos são bons e entre outras coisas demonstram que há criatividade". Cabem no máximo:
a) 3 vírgulas                         b) 4 vírgulas         c) 2 vírgulas
d) 1 vírgula                           e) 5 vírgulas
06. Assinale o texto de pontuação correta:
1. Não sei se disse, que, isto se passava, em casa de uma comadre, minha avó.
2. Eu tinha, o juízo fraco, e em vão tentava emendar-me: provocava risos, muxoxos,palavrões.
3. A estes, porém, o mais que pode acontecer é que se riam deles os outros, sem que este riso os impeça de conservar as suas roupas e o seu calçado.
4. Na civilização e na fraqueza ia para onde me impeliam muito dócil muito leve, como os pedaços da carta de ABC, triturados soltos no ar.
5. Conduziram-me à rua da Conceição, mas só mais tarde notei, que me achava lá, numa sala pequena.
07. Assinale a redação com pontuação incorreta.
1. Os candidatos, em fila, aguardavam ansiosos o resultado do concurso.
2. Em fila, os candidatos, aguardavam, ansiosos, o resultado do concurso.
3. Ansiosos, os candidatos aguardavam, em fila, o resultado do concurso.
4. Os candidatos ansiosos aguardavam o resultado do concurso, em fila.
5. Os candidatos, aguardavam ansiosos, em fila, o resultado do concurso.
08. Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas do texto.
Reunidos na sede da instituição, em Basileia, presidentes de vinte e seis ____ mais importantes bancos centrais concordaram ____ propor seis medidas ______ aumentar a segurança das operações financeiras, proteger os consumidores ____ diminuir o risco de quebras em série nos mercados. Economias com melhor desempenho, _______ as emergentes, sofrem no comércio internacional os efeitos da recessão e da insegurança nos mercados mais desenvolvidos. Mas a recuperação global já deverá estar bem mais avançada _______ o sistema bancário começar a ajustar--se para valer.


1
2
3
4
5
6
a)
de
de
em
como
seja
se
b)
dos
em
para
e
como
quando
c)
em
a
ao
em
tal como
para
d)
cujos
por
de
para
ou
caso
e)
nos
ao
que
de
e
cujo

09. Marque o período de pontuação correta.
a). Pouco depois, quando chegaram, outras pessoas a reunião ficou mais animada.
b) Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião ficou mais animada.
c) Pouco depois, quando chegaram outras pessoas, a reunião ficou mais animada.
d) Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião, ficou mais animada.

e) Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião ficou, mais animada.