Wilson Rebouças

                                        O Governo Jose Sarney
Prof° Wilson Rebouças

Com a morte de Tancredo, o vice José Sarney assumiu a presidência da República. E, com o objetivo de ganhar a confiança dos setores democráticos, restabeleceu eleições diretas para presidente da República, estendeu direito de voto aos analfabetos e prometeu ao país uma nova Constituição. O lema do seu governo era: ‘’tudo pelo social’’
Sarney assumiu o poder em um momento em que a inflação crescia em média 18% ao mês,corroendo os salários e gerando insatisfação social. Para enfrentar essa situação, em 1986, o governo Sarney lançou o Plano Cruzado, o qual previa:
. a criação de uma nova moeda, o Cruzado,para substituir o Cruzeiro ( cada cruzado correspondia a 1.000 cruzeiros);
. o congelamento de preços,tarifas e serviços;
. reajuste automático dos salários sempre que a inflação acumulada atingisse 20%;
. a criação do seguro-desemprego.
Nos primeiro meses do plano a inflação caiu e a popularidade do governo cresceu. Mas com o congelamento dos preços ocorreu uma corrida ao consumo e, com isso, começaram a faltar mercadorias,algumas de primeiras necessidade. Aproveitando-se dessa situação muitos empresários começaram a praticar o ágio- cobrança acima do peso.
Apesar disso, o governo manteve o congelamento de preços e, por isso, venceu as eleições parlamentares e para os governos estaduais, em 15 de novembro de 1986, o PMDB elegeu a maioria dos governadores, senadores e deputados. Vencidas as eleições, o governo Sarney reajustou os preços das tarifas públicas (água,luz,gás), da gasolina, do álcool e de vários outros produtos. Esses reajustes foram muito mal recebidos pela população,que se sentiu enganada pelo governo. Ao mesmo tempo, com a liberação dos preços a inflação voltou a subir.
No último ano do governo Sarney, o povo brasileiro encontrava-se bastante insatisfeito,em razão das seguidas denuncias de corrupção envolvendo membros do governo e da situação social do país; e manifestava sua insatisfação por meio de protestos, de saques a lojas e supermercados e de greves. Foi nesse ambiente conturbado que se iniciou a campanha presidencial de 1989.


Wilson Rebouças - HISTORIA


                                 O Governo JK

A UDN não conformou com a derrota nas eleições; Carlos Lacerda seu principal líder,passou a dizer que os eleitos não tinham a maioria absoluta (50% mais um), que eram apoiados pelos comunistas e que era necessário um golpe militar para impedir a posse de Juscelino e Jango. Mas o golpe não aconteceu: o general legalista Henrique Teixeira Lott colocou seus soldados nas ruas e obrigou os golpistas a fugirem. Com isso ele garantiu a posse de Juscelino Kubitschek.
Juscelino Kubitschek elegeu-se prometendo que faria o Brasil progredir 50 anos em 5 (tempo de duração de seu mandato). Sua política de desenvolvimento é chamado de desenvolvimentismo e pode ser mais bem compreendida.
Tanto Vargas quanto Juscelino defendiam a industrialização acelerada como forma de desenvolver e modernizar o país. Mas enquanto para Vargas o governo devia limitar a entrada de capital estrangeiro,facilitando as empresas multinacionais aqui instaladas a importação de maquinas e equipamentos e concedendo a elas a isenção de impostos por vários anos.
Em um estilo otimista e arrojado,Juscelino iniciou seu mandato apresentando ao país  seu plano de metas: um plano de governo que previa investimentos públicos em cinco grande áreas: energia,transporte,indústria,alimentação e educação.
Coerente com o seu plano, o governo investiu milhões na indústria de base,construindo siderúrgicas,como Usiminas e Cosipa; hidrelétricas,como três marias e furnas; portos e mais de 20 mil quilômetros de estradas e rodagem.
Ao mesmo tempo,o governo ofereceu facilidades e incentivos e com isso atraiu empresas multinacionais que instalaram fábricas no Brasil para produzir bens de consumo. Entre essas empresas estavam fábricas de veículos do ABC paulista,como a Willy Over Land,Ford, Volkswagen e a General Motors.
Em termos empresarias, a indústria automobilística foi um sucesso. Mas ao incentivar a produção de veículos, o governo deixou de lado os meios de transportes coletivo, como o trem; as ferrovias foram praticamente abandonadas, e o transporte passou a depender cada vez mais das rodovias, do petróleo e de seus derivados indicio de que no geral o plano de metas foi bem sucedido. Muitas de suas metas foram alcançadas,inclusive a construção de Brasília conhecida como meta-síntese.
A ideia da construção de Brasília  não era nova. Havia muito se pensava em mudar a capital para o interior do país. Coube,no entanto, ao governar Juscelino a glória dessa obra planejada pelo arquiteto Oscar Niemeyer e pelo urbanista Lúcio Costa. Mas para que essa Idea se transformasse em realidade, foi necessário que milhares de pessoas humildes e desconhecidas,vindas de vários cantos do país, trabalhassem muito durante três anos consecutivos. Graças principalmente a esses trabalhadores Juscelino pôde inaugurar Brasília em 21 de abril de 1960.
Se,por um lado, o governo JK conseguiu promover uma arrancada industrial,por outro,permitiu que a inflação disparasse e chegasse a 30,5% ao ano. A industrialização verificada no governo JK criou um clima de otimismo e gerou muitos empregos,mas não beneficiou igualmente todas as regiões brasileiras.
As industrias recém criadas instalaram-se quase toda no centro sul, o que aumentou ainda mais as diferenças socioeconômicas entre as regiões do país. Isso contribuiu para que ocorresse na época uma forte migração para o centro-sul; milhares de nordestino e de mineiros (do interior do estado) deixaram sua terra natal e se mudaram para São Paulo,Rio e Belo Horizonte em buscas de novos empregos na industria.
JK governou com o apoio do congresso e respeitou a liberdade da imprensa,conseguindo com isso manter a estabilidade política. Por isso pode se dizer que os anos JK combinaram estabilidade política e crescimento industrial; mas também aquele ano foram tempo de inflação alta e de aumento das desigualdades sociais e regionais.



WILSON - HISTORIA

                                                          O Governo Collor (1990 1992)


Foi nesse ambiente conturbado que se iniciou a campanha presidencial de 1989.
Um dos candidatos era o então governador de Alagoas. Fernando Collor de Mello. Membro de uma família tradicional que contava com vários empresários e políticos, Collor era formado em Economia e Comunicação Social. Apresentava-se como um líder indignado com a corrupção.
Luis Inácio Lula da Silva,adversário de Collor, tinha origem operária e tornou-se popular ao liderar greves no ABC paulista,entre 1978 e 1980. Lula defendia a reforma agrária, o fim da pobreza e a suspensão do pagamento da dívida externa brasileira.
Em 1989, depois de quase 30 anos sem eleição diretas,os brasileiros voltaram ás urnas para eleger o presidente da República. Fernando Collor de Mello, do partido da Reconstrução Nacional (PRN), venceu Luis Inácio Lula da Silva, do partido dos Trabalhadores (PT), no segundo turno. Collor recebeu 35 milhões de votos contra 31,3 milhões dados a Lula.
Quando Collor assumiu o poder, em janeiro de 1990, a inflação atingia o índice alarmente de 85% ao mês. Prometendo que resolveria o problema da inflação ‘’com um só tiro’’, o novo presidente lançou o plano Collor, que :
a)      Bloqueou todo o dinheiro,acima de 50 mil cruzados novos,
depositado em contas bancárias de pessoas e empresas.
b)      Congelou os preços,demitiu funcionários públicos e elevou os impostos;
c)       Elevou os juros com o objetivo de diminuir os consumo;
d)      Eliminou vários impostos sobre  a importação,ocasionando a entrada de uma enxurrada 
de produtos estrangeiros no Brasil,de brinquedos a automóveis.
Retirando o dinheiro de circulação,freando o consumo, abrindo o mercado brasileiro ás importações e forçando a queda nos preços dos produtos nacionais, o governo conseguiu diminuir a inflação. Em compensação, as vendas no comércio e a produção industrial caíram muito. Muitas empresas faliram; outras reduziram os salários e despediram funcionários,ocasionando um aumento do desemprego.
A insatisfação popular gerada pela recessão na economia aumentou ainda mais com a explosão de uma série de escândalos envolvendo o governo Collor. O maior deles foi a descoberta em 13 de Outubro do esquema PC: uma vasta rede de corrupção liderado pelo empresário Paulo César Farias,amigo e tesoureiro da campanha de Collor. Comprovou-se que PC Farias recebia altas somas em dinheiro de grandes empresários para liberar verbas do governo. Parte desse dinheiro ia para contas fantasmas e era usado para pagar as despesas pessoais de Collor, seus familiares e amigos.
A população brasileira reagiu as noticias promovendo grandes manifestações públicas e exigindo o afastamento de Collor e o fim da corrupção. Entre os manifestantes,havia um grande número de caras-pintadas: jovens que pintavam o rosto com as cores da bandeira nacional,protestando contra a falta de ética na política.

Sob forte pressão da sociedade civil, em setembro de 1992, a maioria dos deputados voltou a favor da abertura do processo. Apartir daí, caberia ao Senado julgar o presidente. Ao perceber que iria ser derrotado no Senado, Collor renunciou. Apesar disso,foi condenado pelo Senado a ficar sem direitos políticos por oito anos.

TOM - HISTORIA - ERA VAGAS

 
A ERA VARGAS









Aluno (a):                                                                         Nº                                       

DATA:           
   
      TOM SILVA

PROFESSOR(A) TOM


ESTADO NO PERÍODO VARGAS
O movimento de 1930 marcou o início de uma nova fase na história política do Brasil. Era o inicio da Era Vargas, assim conhecida, devido ao longo tempo que durou.
A ascensão de Vargas ao poder em 1930, significou a derrocada das oligarquias cafeeiras do comando político do país, posição que ocupavam desde 1894, com a eleição de Prudente de Moraes. Mesmo assim, as oligarquias continuavam mantendo importância na vida econômica do país, uma vez que o café ainda respondia como principal produto de exportação brasileira.
Inicialmente Vargas assumiu o poder em caráter provisório – GOVERNO PROVISÓRIO 1930-1934 – criando expectativa em todos os que apoiaram a Aliança Liberal. Atender a todos ainda era algo muito difícil, pois, se tratava de propostas e interesses diferentes e que divergiam entre si. Como líderes do movimento, os tenentes passaram a ocupar postos chaves do governo, em quase todos os Estados do Norte e do Nordeste havia interventores nomeados por Getúlio Vargas. Todos os órgão legislativos do país ficariam dissolvidos e, até a eleição de uma Assembléia Constituinte o poder concentrar-se-ia nas mãos de Vargas.
Ainda nesse período de Governo a nomeação e um Interventor nordestino - João Alberto - para São Paulo provocou a reação das oligarquias cafeeiras que, em 1932 promovera a eclosão da Revolução Constitucionalista. Embora não saísse vitorioso, o movimento conseguiu que a sua reivindicação fosse atendida, a formação de uma Assembléia Constituinte e conseqüentemente uma Constituição para o país.
A Assembléia se formou com reunião de várias representações sociais. Essa estratégia era uma forma e neutralizar os paulistas na Assembléia evitando que suas decisões e reivindicações predominassem. Em Julho de 1934, o país ganhava a sua nova Constituição – a terceira do Brasil e segunda republicana.
Com a promulgação da Constituição foram tomadas algumas medidas que marcariam mudanças que, mesmo de caráter temporário, marcavam um início de mudanças na política brasileira. Estabeleceu-se um governo liberal-democrático com inovações políticas – era o ESTADO CONSTITUCIONAL (1934-1937). A presença de representantes do operariado garantiu as leis trabalhistas na Constituição. Podemos destacar; jornada de oito horas de trabalho, descanso semanal obrigatório e remunerado e férias, proibição do trabalho infantil, indenização por dispensa sem justa causa, licença as gestantes e a criação da Justiça do Trabalho. Entre as inovações políticas estavam o voto secreto e a criação da Justiça eleitoral. O Estado teria mais autoridade sobre a economia e passaria a ser o responsável pelas medidas referentes ao crescimento econômico e principalmente o regulador da economia a fim de evitar crises de superprodução.
Nos anos 30, ao lado de problemas econômicos decorrentes da crise internacional e do conflito interno ao poder oligárquico, o país vivenciaria outro fato muito importante. Pela primeira vez surgiam movimentos de massa, de âmbito nacional, com conotações ideológicas radicais. De um lado, havia a Ação Integralista Brasileira (AIB), dirigida pelo fascista Plínio Salgado, movimento de extrema direita que apoiou Vargas em seus planos ditatoriais. De outro, havia a Aliança Nacional Libertadora (ANL), movimento de esquerda que pregava a revolução socialista. Vargas fortaleceu a direita em quanto pôde e logo procurou esvaziar as forças de esquerda. O motivo para o levante comunista de 1935, ocorrido em quartéis no Recife, em Natal e no Rio de Janeiro, foi o fechamento da ANL. Embora não tivesse obtido adesão militar e popular, o levante de 1935, conhecido como Intentona Comunista, sinalizava para o governo as perspectivas dos comunistas e sua capacidade de mobilização. O cerco ao comunismo foi rápido e certeiro.
Os líderes do movimento foram mandados para a cadeia, entre eles Luís Carlos Prestes, o mais famoso de todos. Foi acionada a rigorosa Lei de Segurança Nacional, de abril de 1935, e criado o Tribunal de Segurança Nacional, que teve por finalidade julgar, até 1945, aquilo que o governo considerava crimes políticos contra a segurança do país.
Com essa Lei o país entrava em uma fase de paranóia anticomunista e alguns assessores do governo, inspirados talvez pelo que acontecia na antiga União Soviética e na Alemanha, chegavam a propor que, além das prisões políticas, fossem estabelecidos campos de concentração e de trabalhos forçados para a ressocialização dos comunistas e de seus filhos.
Diante conjuntura internacional, Vargas tinha um plano para se manter no poder e implantar um governo que seguisse um parâmetro mais adequado as suas pretensões políticas. Em 10 de novembro de 1937 Getúlio Vargas comparecia a uma estação de rádio e anunciava que o país ganhara uma nova Constituição – inspirada em constituições de países fascistas com o a Polônia daí o nome Polaca como ficou conhecida -, que o Congresso estava sendo novamente fechado e que a partir desse momento ele se tornava chefe absoluto da nação. O discurso justificava o golpe em nome da segurança e da tranqüilidade da nação e teve o apoio da AIB e camadas populares que o admiravam e sem o importuno da ANL, pois estavam na cadeia. Era o início do ESTADO NOVO (1937-1945).

Instaurada a ditadura, Vargas fechou os partidos políticos proibindo a sua existência, instituiu a censura à imprensa e procurou esvaziar a AIB. Não havia espaço para outras forças, a não ser aquelas diretamente controladas pelo governo. Iniciou também um programa de propaganda política e de festas cívicas de modo a engrandecer seu nome e fortalecer o espírito de nacionalidade.
A centralização política e administrativa que marcou a política econômica da Era Vargas foi construída com base em vários instrumentos. Do ponto de vista administrativo e político, havia os interventores e o Departamento de Administração do Serviço Público – DASP, responsável pela escolha e pela carreira dos funcionários públicos e que introduziu o sistema dos concursos públicos.
A censura à imprensa escrita e falada foi levada a cabo por uma instituição chamada Departamento e Imprensa e Propaganda – DIP – encarregada também pela exaltação da imagem de Getúlio e doutrinar jovens e crianças. A direita organizada na AIB sentia-se excluída desse projeto e, em maio de 1938, efetuava um atentado ao Palácio da Guanabara, onde a família de Vargas residia. O plano não deu certo e os integralistas foram parar na cadeia, aumentando com isso os poderes em Vargas e aumentando a sua popularidade como líder.

CAPITAL E TRABALHO NA ERA VARGAS
A Aliança Liberal que apontara a candidatura de Getúlio Vargas, não apresentou nenhuma proposta clara em relação à economia. Mesmo assim, a política adotada por Vargas no setor econômico foi em muito inovadora. Que motivos teriam feito ele mudar?
A crise de superprodução que ocorreu nos Estados Unidos em 1929, decorrente da quebra da Bolsa de Valores de Nova York, obrigou os dirigentes brasileiros a olhar com mais cuidado para a economia. O governo norte-americano, para solucionar a crise mudou a sua postura liberal não intervencionista e passou a atuar diretamente no sentido de contornar os problemas, foi criado um programa de planejamento econômico, o New Deal, que em um período de dez anos conseguia restabelece o patamar econômico norte americano.
A medida foi seguida por outros países da Europa, Ásia e entre outros o Brasil. O novo governo, na figura de Getúlio Vargas começava a intervir diretamente na economia. Ao chegar ao poder, em 1930, Vargas tinha como tarefa inquestionável e prioritária administrar a política do café. Devemos lembrar que em 1930 o Brasil era um país agrícola, muito diferente do que conhecemos. Dependia quase que totalmente da venda do café no exterior, produto responsável por quase toda a riqueza nacional.
Quando ocorria superprodução no café, o governo entrava em ação com a sua política de valorização do produto. O excedente era comprado pelo governo e, este queimava os estoques diminuindo a oferta e valorizando o produto com o aumento do preço no mercado. De 1930 a 1944 foram queimadas cerca de 78 milhões de sacas de café, uma quantidade suficiente para abastecer o mercado mundial por três anos. Outra importante iniciativa do governo foi a criação, ainda em 1931, do Conselho Nacional do Café (CNC) composto por representantes dos Estados produtores que vinha substituir o Instituto do Café de São Paulo.
No período do Estado Novo (1937-1945), Vargas intensificou a participação do Estado na economia, apelando, habilmente, para os sentimentos nacionalistas econômicos do povo brasileiro. Apoiado em grupos nacionalistas civis e militares, o governo buscou uma solução para a exploração das riquezas minerais do Brasil, alijando assim os grupos estrangeiros. Era preciso solucionar o problema de extração mineral e da exportação de minérios, bem como o problema da Siderurgia.
O cenário internacional às vésperas da Segunda Guerra Mundial era propício para a capitação e recursos vindos da Alemanha e dos EUA, interessados na posição estratégica do Brasil. A Segunda Guerra Mundial, que começou em 1939, teve também um papel importante na redefinição da política econômica e industrial do país, particularmente no que tange à indústria de base.
A Guerra criou facilidades para a industrialização brasileira por duas razões básicas. De um lado, ficava cada vez mais difícil a compra de produtos industriais no exterior, principalmente da Europa, concentrada no esforço de guerra e tendo como prioridade atender as suas próprias necessidades, o que obrigou o Brasil a produzir internamente parte do que antes comprava fora. Esse foi um processo industrial conhecido como de “substituição de importações”, iniciado durante a Primeira Grande Guerra. De outro lado, o interesse norte-americano de que Vargas se alinhasse a eles levou a que barganhas brasileiras para financiamentos, especialmente no caso da siderurgia, fossem atendidas. Vargas não escondia suas simpatias para com o Eixo, o que inquietava o governo dos Estados Unidos.
Vejamos como se deu à aproximação entre o Brasil e os Estados Unidos e como foi efetuado esse alinhamento do país no cenário internacional. Este é um importante aspecto a ser lembrado, pois foi na Era Vargas que o país entrou definitivamente na órbita econômica e cultural norte-americana. O personagem de quadrinhos Zé Carioca criado pelos Estúdios Disney, e o sucesso de Carmem Miranda nos Estados Unidos foram parte dessa estratégia, formulada, então, para fortalecer a identidade cultural e os laços de cooperação entre os dois países.
Obviamente que este não era o único interesse dos norte-americanos, e não seria a troca de ícones culturais que iria definir a político de cooperação do Brasil aos Estados unidos durante a Guerra. Os norte-americanos como também os alemães viam no litoral brasileiro um local estratégico para possíveis batalhas que pudessem ocorrer no Atlântico, daí a intensão de os dois países se aproximarem cada vez mais do Brasil. A implantação de bases navais norte-americanas em territórios brasileiros como Recife, Natal e Belém, em troca de investimentos financeiros garantiram a participação brasileira ao lado do Brasil.
Finalmente em 1941, com investimentos americanos via Exibank e algum capital nacional, iniciava-se a Companhia Siderúrgica Nacional de Volta Redonda, no Rio de Janeiro. Em seguida o governo criava a Companhia Vale do Rio Doce (1942), a Companhia Nacional do Álcool e a Fábrica Nacional de Motores (1943) e a Companhia Hidroelétrica de São Francisco (1945). Consolidava-se a industrialização no Brasil. Contudo, o país não tinha autonomia tecnológica que lhe assegurasse a independência econômica.
Do ponto de vista social, o Estado novo foi marcado por uma habilidosa política de controle do operariado. Habilidosa e gradativamente Vargas conseguiu submeter os diferentes grupos sociais ao seu poder e inibir as lutas de classes através de uma prática populista. O Populismo pode ser definido, em síntese como uma política de controle das classes trabalhadoras urbanas (os operários, classes médias assalariadas, pequena burguesia proprietária). Em outras palavras, no populismo os grupos burgueses que exercem o poder, incapacitados de controlar as camadas populares, recorrem ao Estado para que este intermedeie os conflitos de classes.
Por outro lado, as classes trabalhadoras urbanas aceitam o controle do Estado Populista por admitirem a idéia mítica de que ele é seu protetor e orientador político, defensor perante as classes dominantes. Na prática o Estado populista reforça esta idéia através de concessões de leis feitas as categorias operárias, como o atendimento ainda que parcial de suas reivindicações.
A disciplina entre o capital e o trabalho foi conseguida por Vargas principalmente através do controle dos sindicatos, através do Ministério do Trabalho criado em 1931, que passava a controlar os sindicatos em favor do governo – eram os Sindicatos Pelegos. A concessão lenta e gradual das leis trabalhistas garantia o controle, algumas já tinham sido atendida desde 1934, com a Constituição, com o golpe de 1937, foram retomadas em pequenas doses pelo governo.

O ponto alto das Leis Trabalhistas foi a instituição do salário mínimo em 1940, criado a partir de pesquisa para averiguar o mínimo que uma família de operário deveria ganhar para atender as necessidades de moradia, alimentação, transportes, vestuário, educação e lazer. Apesar da importância das leis, elas ficaram restritas aos trabalhadores urbanos não sendo ampliadas aos trabalhadores rurais.
É evidente, contudo, que a partir de 1930, com a criação do Ministério do Trabalho, até 1943, com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o país mudou mais rapidamente na confecção de novas leis e na vigilância para que elas fossem cumpridas. A Justiça do Trabalho certamente teve aí um papel fundamental. Podemos mencionar algumas dessas iniciativas. Em 1932, quando foi criada a Carteira de Trabalho, foi também proibido o trabalho para menores de 14 anos, estabelecida uma carga horária de 8 horas para os trabalhadores da indústria e do comércio e proibido o trabalho noturno. Foi ainda regulado o trabalho feminino, garantida igualdade salarial e alguma proteção à gestante.
Nesse mesmo ano, houve ainda o reconhecimento das profissões, isto é, o governo passava a reconhecer quais as profissões que podiam existir, papel que exerce até hoje. Em decorrência dessa legislação, apenas os trabalhadores que pertencessem a essas categorias reconhecidas e legalizadas pelo governo teriam direitos trabalhistas. Foram estabelecidas ainda as regras para as convenções coletivas de trabalho.
O empresariado brasileiro reagiu com pôde a essas medidas e relutou em cumpri-las. Algumas foram até mesmo adiadas, mas no fim, todos tiveram de se submeter às decisões do governo. Ou seja, o governo Vargas foi mais competente do que os anteriores no sentido de fazer cumprir as leis sociais.

A IMPRENSA NO BRASIL DE VARGAS
O Varguismo não se define come fenômeno fascista, mas é preciso levar em conta a importância da inspiração das experiências alemã e italiana nesse regime, especialmente no que se refere à propaganda política. No Brasil, a organização e o funcionamento dos órgãos produtores de propaganda política e controladores dos meios de comunicação revelam a inspiração européia.
O jornal getulista “A Noite” (03/01/1945) comentou que Vargas não se perdia no jogo de palavras. O discurso do chefe era elaborado a parir de técnicas de linguagem: ele usava slogans, palavras-chave, frases de efeito e repetições ao se dirigir às massas (...). O uso dos meios de comunicação detinha como objetivo legitimar o Estado Novo e conquistar o apoio dos trabalhadores através do rádio, segundo o ministro advinha da necessidade e divulgar o novo direito social ainda desconhecido pelo próprio trabalhador beneficiário.
(...) A Constituição brasileira de 1937, legalizou a censura prévia dos meios de comunicação. Os veículos de comunicação teriam de garantir a paz, a ordem e a segurança pública, a censura prévia da imprensa, do teatro, do cinematografo, da radio fusão, facultando a autoridade competente proibir a circulação, a difusão ou a representação.
Durante o período, criaram-se órgãos de controle e repressão dos atos e idéias. A peça fundamental era o Departamento de Imprensa e Propaganda, o DIP, que tinha amplos poderes sobre os meios de comunicação e se encarregava da organização da propaganda. Foi com o advento do Estado Novo que o governo sentiu mais fortemente a necessidade de investir na propaganda. Assim, lançou mão dos recursos das novas técnicas de persuasão que estavam sendo usadas em diversos países, especialmente na Alemanha.

O rádio firmou-se nessa década, adquirindo grande prestígio entre os ouvintes, graças aos programas humorísticos, aos musicais, e ao radiojornalismo e às primeiras radionovelas. (...) O uso político do rádio esteve voltado para a reprodução de discursos, mensagens e notícias oficiais. Em 1931, foi criado o programa “a Hora do Brasil” (...).
O programa tinha três finalidades: informativa, cultural e cívica. Divulgava discursos oficiais e atos do governo, procurava estimular o gosto pelas artes populares e exaltava o patriotismo, rememorando os feitos gloriosos do passado. Nas cidades do interior, era produzido por altos falantes instalados nas praças. (...) O projeto de “integração nacional pelas ondas” permitiu que as idéias e mercadoria fossem “vendidas” num mesmo pacote; assim, não se pode concluir que o rádio, no Estado Novo, se restringiu ao papel de consenso político, nem que seu controle tenha sido tão rígido.
O FIM DO ESTADO NOVO E A DEMOCRATIZAÇÃO
A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial mantém uma estreita relação com o fim da ditadura do Estado Novo e o processo da democratização. O contraste da participação brasileira foi fundamental para que os opositores do Estado Novo se manifestassem pelo fim do mesmo, o Brasil era uma ditadura autoritária e o poder estava personificado na figura de um líder – Getúlio Vargas – o caráter fascista que assumiu durante alguns momentos de seu governo a partir de 1937, era incompatível com a sua participação na Guerra ao lado dos aliados contra as ditaduras totalitárias que formavam o Eixo.
Antes mesmo do final da Guerra um grande numero de manifestações já agitavam o pais em torno do retorno da democracia e das liberdades individuais e de imprensa, em 1942 a UNE, União Nacional dos Estudantes, que havia sido criada pelo próprio Getulio para fiscalizar a ação dos estudantes, foi a primeira a desencadear protestos contra a dupla postura do governo.
Realmente não tinha mais sentido a permanência e um Estado ditatorial no Brasil quando as tropas brasileiras, lá fora, lutavam contra as ditaduras nazi-fascista. Em janeiro de 1945 um grupo de intelectuais, no 1º Congresso Brasileiro de Escritores, lançou um manifesto exigindo a democratização com sufrágio universal direto e secreto.
Em fevereiro sob as pressões internas e externas, principalmente dos Estados Unidos, Getúlio Vargas decretou um Ato Adicional. O Ato previa que em noventa dias o governo fixaria data para as eleições presidenciais, para governadores de estado, para o Congresso nacional e Assembléias Legislativas Estaduais.
Pouco depois Vargas concedeu anistia e libertou presos políticos, entre eles Luis Carlos Prestes, e permitiu a livre organização partidária. O PCB finalmente voltaria a legalidade que perdera desde 1927. Vários outros partidos se organizaram em torno das eleições.
O sistema partidário montado em 1945 estava diretamente relacionado à força do getulismo e dois grandes partidos foram criados para defender seu legado: o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o primeiro representando os interesses dos grandes proprietários e empresários e o segundo representando os trabalhadores e os sindicatos. O terceiro grande partido criado nesse momento foi a União Democrática Nacional (UDN), que reuniu praticamente todos os opositores de Vargas. Era um partido de elite, da classe média e de intelectuais. Com esse recorte partidário, o prestígio de Getúlio ficava confirmado: o sistema político brasileiro continuaria a se mover tendo Vargas como ponto de referência. De um lado ficavam os que estavam a seu favor e, de outro, os que eram contra. Vargas saía do poder para continuar a ser um divisor de águas da política brasileira.
A tendência continuista se evidencia quando em meio à agitada campanha eleitoral, surge um movimento popular favorável à continuidade de Vargas no poder. Esse movimento popular, apoiado pelos comunistas e estimulado por Getulio, ficou conhecido como Queremismo, porque as massas em suas manifestações gritavam “Queremos Getúlio! Queremos Getúlio!”.
Receosas do continuísmo, a UDN aproximou-se dos setores militares antigetulistas e optou pela solução da derrubada de Vargas. O pretexto para isso foi a nomeação de Benjamim Vargas para ocupar o cargo de chefe da polícia do Distrito Federal. O golpe articulado pela UDN e pelas Forças Armadas, onde se destacavam os generais Góis Monteiro e Eurico Gaspar Dutra, foi finalmente desfechado em 29 de outubro de 1945. Naquele dia tropas comandadas por Góis Monteiro cercaram o Palácio Guanabara e forçaram Getúlio a renunciar, o Estado Novo chegava ao fim.

AMAZÔNIA E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Quando ocorreu a Segunda Grande Guerra (1939-1945), houve a expansão militar japonesa pelo território asiático do extremo oriente, com a ocupação de antigas áreas coloniais européias pelas forças nipônicas.
Desta forma, em pouco tempo os japoneses já dominavam várias ilhas e colônias que forneciam matérias primas para países europeus, especialmente a borracha obtida desde a década de 1910 nas ilhas da Malásia e da Indonésia, mantendo 95% da produção mundial sob controle do Eixo deixando desabastecido Inglaterra, França e Estados Unidos.
Neste contexto, a produção de borracha silvestre amazônica tornou-se a alternativa de abastecimento das demandas desassistidas pela perda de territórios do sudeste asiático para os japoneses, afinal durante o primeiro quartel do século XX, a Amazônia já havia sido a grande fornecedora de borracha a nível mundial, como já vimos em estudos anteriores.
Foi nesse momento que o Brasil embora sob o governo ditador de Getúlio Vargas, se alinhou com os Estados Unidos declarando guerra ao Eixo. Assim, nasceriam os Acordos de Washington pelos quais o governo norte-americano se comprometia em investir capitais na produção de borracha silvestre, em troca da fixação de um teto para a venda da mesma.”
Sem dúvida, na “Batalha da Borracha” papel destacado coube ao Banco de Crédito da Borracha. O mesmo possuía a Exclusividade das operações finais de compra e venda da mesma. O Banco da Borracha também visava das “assistência financeira aos produtores de borracha interessados em sua extração. Nesse sentido o Banco acabava afastando a figura do “aviador” ou das “casas de aviadoras”, que haviam sido a te então os principais agentes financiadores dos seringais.
Durante a vigência da Segunda guerra mundial, as populações da região amazônica conheciam uma época mais difícil ainda. Isolados pela via terrestre do restante do território brasileiro, os amazônidas viam seus portos atingidos pelo bloqueio imposto pelos submarinos alemães, deixando de receber os indispensáveis suprimentos alimentares e industriais de outras regiões.
Nesse contexto de dificuldades, em face de falta ou racionamento de diversos produtos e serviços como o fornecimento de energia elétrica, seriam arregimentados na região amazônica e em outras regiões brasileiras, principalmente no Nordeste, os homens que haviam de fazer a extração da borracha pelas matas da Amazônia, tornando-se os “soldados da borracha”, sob a promessa de que os seringueiros seriam posteriormente repatriados para seus locais de origem e “receberiam pensões similares às dadas aos militares, uma promessa nunca cumprida”.
De fato, somente após muita luta, quando se elaborava a constituição de 1988, os ex-soldados da borracha obtiveram uma vitória parcial, conquistando o direito de “receber uma aposentadoria no valor de dois salários mínimos”, ainda que muitos não tenham condições de receber a referida pensão por total falta d recursos para dar entrada nos processos de requisição da mesma, além das dificuldades burocráticas impostas aos mesmos.

ESTADO NOVO: CULTURA COMO
 INSTRUMENTO DISCIPLINADOR
Introdução
                O Estado Novo, implementado a partir de um golpe político elaborado por Getúlio Vargas em 1937, tem sua justificação na luta contra o “terror” comunista, é o perigo vermelho que legitima o golpe. Esse trabalho busca analisar o processo de instauração do Estado Novo e como o mesmo vai lançar mão da cultura como forma de disciplinar o povo, transformar o Vargas em grande herói nacional e um novo sentimento nacional.        

O Estado Novo: o endurecimento da ditadura
               
Apesar das constantes declarações de Vargas de abandonar o poder e sua insistência em confirmar a eleição presidencial de 1938, ficava difícil acreditar em suas palavras, pois suas atitudes demonstravam o contrário. Sua posição conservadora em relação  aos avanços da Constituição de 1934, a aproximação dos militares mais reacionários e sua ligação com a AIB (Ação Intergalista Brasileira) de orientação fascista, tudo isso garante os auspícios para o golpe de Estado, que seria desencadeado por Vargas em novembro de 1937.
                Os integralistas, que tiveram participação mais ativa no golpe do Estado Novo, acreditavam, com certa razão, que o movimento estava às portas do poder ou, na pior das hipóteses, que se constituiriam em sócios privilegiados de Vargas e dos militares no gerenciamento do Estado. Apoiaram o governo nos vários momentos de crise. É inclusive a AIB que vai fornecer a Vargas o subsídio para o golpe. Trata-se do Plano Cohen. No dia 22 de setembro, os jornais publicavam o “Plano Cohen”, suposto plano de ação terrorista organizado pelos comunistas, que previa assassinatos em massa, explosões em escolas, o caos e a subversão total ao governo. O “Plano” havia sido forjado pelo capitão Olimpio Mourão Filho, chefe de propaganda da Ação Integralista Brasileira, sendo retomado por Vargas e pelo general Góis Monteiro, que o apresentou ao público como um “plano comunista capturado pelo serviço secreto do Estado-Maior”. Esse grosseiro engodo, possibilitou uma atmosfera favorável para implantação do Estado Novo.
                O governo agora passou a ofensiva, muitas pessoas foram presas acusados de serem comunistas, aumento ainda mais o cárcere da ditadura varguista. O clima repressivo anulou completamente as possibilidades de continuação de campanha eleitoral. Vargas, Dutra e Góis Monteiro preparavam-se para a destruição final da democracia, enquanto Francisco Campos dava os últimos retoques na Carta constitucional , baseada da Constituição da Polônia fascista, daí ela ficou conhecida como Polaca. O tiro de misericórdia a democracia acontece quando Getúlio Vargas, decreta estado de sítio e fecha o Congresso, retirando todos os direitos dos brasileiros. Em 10 de novembro Vargas instaura o Estado Novo com o seguinte pronunciamento:
(...) Quando as competições políticas ameaçam degenerar em guerra civil, é sinal de que o regime constitucional perdeu o seu valor prático, subsistindo apenas como abstração.”
O pragmático Getúlio Vargas buscava apoio popular ao novo regime através da educação e do Departamento de Imprensa e Propaganda, criado em 1939. Vargas cria o Instituto Nacional do Livro, que orientará a disseminação de uma cultura nacional que vá ao encontro dos interesses do novo regime. Segundo o escritor Ludwing Jr. “A missão fundamental das escolas, porém, foi redefinida como se destinando a estimular valores tais como de nacionalidade, a disciplina, o vigor físico, o trabalho, a parcimônia e a moralidade”. De quebra praticamente em todas as capas dos livros estava estampada à foto de Getúlio, reforçando a personificação do grande mito em torno da figura de Vargas, bem ao modelo nazi-fascista de Hitler e Mussolini.  
O DIP era o órgão responsável pela censura, pela propaganda do governo, pelo culto a pátria e enfim, pelo ufanismo dando novos contornos ao nacionalismo. Sob sua responsabilidade, a louvação do patriotismo atingiu diferentes camadas de níveis socioculturais distintos e se estendeu por todo o país através da imprensa, das escolas, do cinema e, principalmente, do rádio. O programa radiofônico Hora do Brasil (conhecido como o Fala Sozinho), até hoje existente, era utilizado como instrumento de propaganda do regime. Vargas bem conhecia aquela máxima que dizia a “propaganda é a arma do negócio”.
O Estado Novo não foi, como se viu, um projeto de Getúlio Vargas. Os militares e também grupos burocráticos, principalmente ligados a alta burguesia, tiveram responsabilidade nos preparativos do golpe, defendendo a instauração de um regime repressivo capaz de realizar a modernização do país “de cima para baixo”. Para esses grupos, somente um regime autoritário e estável poderia conduzir o país no sentido da modernização, racionalizando a administração pública e empreendendo a industrialização através de incentivos ao setor e da criação de uma poderosa indústria de base. As oligarquias regionais e a Igreja Católica, apesar de se situarem num segundo plano nas articulações que levaram ao golpe, deram seu aval aos objetivos de Vargas e das Forças Armadas.

Cultura: como instrumento disciplinador do Estado Novo
                Getúlio Vargas, agora ganha novo relevo no imaginário popular, elevado a condição de grande herói nacional, sendo representado como o verdadeiro “pai dos brasileiros e dos pobres”. Vale ressaltar que essa construção do mito, já vem percorrendo um longo caminho, precisamente, desde o golpe de 30. Vargas chega a ser ovacionado em duas orações populares, como se observa abaixo:

O raio de ação do DIP torna-se abrangente a ponto de adquirir absoluto controle da música popular brasileira e de qualquer manifestação a ela relacionada. Assim nos concursos de músicas carnavalescas, nos desfiles de carnaval, nas estações de rádio, nas gravadoras de discos, em tudo estava a mão do DIP. Uma onda de músicas ufanistas patrocinadas pelo DIP varre o país. Como os exemplos às músicas Aquarela do Brasil de Ary Barroso e Glória ao Brasil de Nuno Roland. Tais músicas reproduzem um verdadeiro louvor ao país garantindo uma amálgama de nacionalismo, culto da personalidade de Vargas e exaltação ao Estado Novo. As músicas apresentadas abaixo demonstram claramente seu objetivo de forjar na população brasileira um sentimento de amor a pátria, as coisas de nosso país, dando grande revelo a um peculiar sentimento nacional.
               
AQUARELA DO BRASIL
Brasil, Meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
Ô Brasil, samba que dá
bamboleio que faz gingar

ô Brasil do meu amor
terra de nosso senhor
Brasil, Brasil, pra mim, pra mim.

Oi, abre a cortina do passado
tira a mãe preta do cerrado
bota o rei congo no congado
Brasil, Brasil
Deixa cantar de novo o trovador


A merencória luz da lua
toda a canção do meu amor
quero ver essa dona caminhando
pelos salões arrastando
o seu vestido rendado
Brasil, Brasil, pra mim, pra mim.

oi, essas fontes murmurantes
onde eu mato a minha cede
e onde a lua vem brincar
oi, este Brasil lindo e trigueiro
é o meu Brasil brasileiro
terra de samba e pandeiro
Brasil, Brasil, pra mim, pra mim.

Ary Barroso/ Silvio Caldas (1939

Um afinado embate: Malandragem versus Trabalho

                Sem dúvida, a música (assim como outras expressões culturais) é uma importante fonte de informação de um determinado contexto histórico, capaz de nos revelar valores, modos de vida, relações sócio-culturais, visões de mundo e cotidiano das pessoas, etc. Nas décadas de 30 a 50, a música recebeu um grande fôlego e ampliou a sua importância na vida dos brasileiros com a difusão das emissoras de rádio.
É nesse cenário que vamos assistir a uma dicotomia na produção musical no Brasil. Duas correntes dentro do mesmo estilo musical o samba-canção, passaram a tencionar, de um lado está a música de exaltação a malandragem, que exorta a figura do malandro, este que ojeriza o batente, valoriza a esperteza, valentia, o sonho de ganhar a sorte grande (loteria e jogo do bicho), o sonho de ter a mulher amada, etc. Do lado estão os compositores que exaltam o trabalho, quase nunca por convicção, pois o DIP além de impregnar com ufanismo verde-amarelo, agora se empenha em reverter essa tendência sambista de exaltar a malandragem, incentivando os compositores a enaltecerem o trabalho. É dessa forma que compositores como Ataulfo Alves e Wilson Batista claramente advogados da malandragem se “converteram” ao trabalhismo varguista. É claro que isso só foi possível, graças a forte censura desenvolvida pelo DIP. 
Passemos a observar agora as duas músicas do período, uma de autoria de Wilson Batista, Lenço no Pescoço e a outra, em resposta, Rapaz Folgado de Noel Rosa. A primeira composição claramente apresenta um forte sentimento de anátema ao trabalho, uma verdadeira excomunhão ao batente. A opção do personagem pela “vadiagem”, reside também falibilidade do trabalho como mecanismo viável para garantir  mudanças significativas na vida de um operário. É como diria o nosso herói Wilson Batista “eu vejo quem trabalha andar no misere”. A composição de Noel Rosa, sem dúvida atende aos anseios do Estado Novo, pois em Rapaz Folgado, ele vilipendia a figura do malandro e dos “sambistas-malandros”, numa clara exaltação ao trabalho. Noel, tenta mostrar o quão a figura do malandro está fora de moda e fora da nova conjuntura nacional (industrialização). Seu samba também é extremamente carregado de preconceito com os sambistas que cantam a “malandragem”. Observe o excerto da música: “Malandro é palavra derrotista / que só serve pra tirar / Todo o valor do sambista,”.   



LENÇO NO PESCOÇO

Meu chapéu do lado
tamanco arrastando
lenço no pesco
navalha no bolso
eu passo gingando
provoco e desafio
eu tenho orgulho
em ser tão vadio
     (bis)

sei que eles falam
deste meu proceder
eu vejo quem trabalha
andar no misere
eu sou vadio
porque tive inclinação
eu me lembro, era criança
tirava samba-canção

Comigo não eu quero ver quem tem razão
Meu chapéu do lado...

e ele toca
e você canta
e eu não dou ai,
Meu chapéu do lado...
Wilson Batista  (1933)
RAPAZ FOLGADO

Deixa de arrastar o seu tamanco
Pois tamanco nunca foi sandália
E tira do pescoço o lenço branco
Compra sapato e gravata
Joga fora essa gravata
Que te atrapalha 

Com o chapéu do lado deste rata
Da polícia quero que escapes
Fazendo samba-canção
Já que tens papel e lápis
Arranja um amor e um violão

Malandro é palavra derrotista
Que só serve pra tirar
Todo o valor do sambista,
Proponho ao povo civilizado
Não te chamar de malandro
E sim rapaz folgado
Deixa de arrastar o seu tamanco...
Com chapéu do lado deste rata
Deixa de arrastar o seu tamanco...

Com o chapéu de lado deste rata
Da polícia que escapes
Fazendo samba-canção.
Eu já te dei papel e lápis
Arranja um amor e violão
Noel Rosa  (1938)


As três composições abaixo são famosas músicas de exaltação à malandragem, em todas elas percebemos elementos da  “boa vida malandra”: um grande amor, horror ao batente, a esperteza, a sorte grande...  “Acertei no milhar... Ganhei 500 contos”. É possível perceber também, que as composições são duras críticas a política trabalhista de Vargas, mostrando que o trabalho não diminui a pobreza e nem melhora o padrão de vida de ninguém.

bonde de são januário

Quem trabalha é que tem razão

Eu digo e não tenho medo de errar

Quem trabalha é quem tem razão

Eu digo e não tenho medo de errar

O bonde de São Januário
Leva mais um operário
Sou eu  que vou trabalhar
O bonde de São Januário
Leva mais um operário
Sou eu  que vou trabalhar

Antigamente eu não tinha Juízo
Mas resolvi garantir meu futuro
Veja você, sou feliz, vivo muito bem
A boemia não dá camisa a ninguém
E, digo bem
Quem trabalha é que tem razão . .

Antigamente eu não tinha Juízo
Mas resolvi garantir meu futuro
Veja você, sou feliz, vivo muito bem
A boemia não dá camisa a ninguém, muito bem

O bonde de São Januário leva mais um operário
Sou eu que vou trabalhar
Quem trabalha é que tem razão . .

Ataulpho Alves / Wilson Batista.

É NEGÓCIO CASAR


Veja só
Minha vida está mudada
Não sou mais aquele
Que entrava em casa alta madrugada
Faça o que eu fiz
Porque a vida é do trabalhador
Tenho um doce lar
E sou feliz com meu amor
O Estado Novo veio
Para nos orientar
No Brasil não falta nada
Mas precisa trabalhar
Tem café, petróleo e ouro
Ninguém pode duvidar
E quem for pai de quatro filhos
O presidente manda premiar
É negócio casar.

Ataulfo Alves e Felisberto Martins (1941)


EU TRABALHEI

Eu hoje tenho tudo
Tudo o que o homem quer
Tenho dinheiro, automóvel e uma mulher
Mas para chegar até o ponto que eu cheguei
Eu trabalhei, trabalhei
Eu hoje sou feliz
Roberto Roberti e Jorge Feraj (1941)



 

O Brasil na Segunda Guerra Mundial: o fim do Estado Novo

 

A vergonhosa Paz de Versalhes imposta à Alemanha em 1919 abriu uma brecha para a eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), de proporções muito superiores à Primeira Guerra. A Alemanha arrasada,  destruída e esfomeada seria o palco da disseminação de um sentimento nacionalista que se exacerbou e levou o país à adoção do nazismo, regime totalitário de extrema direita implantado com a ascensão de Adolf Hitler em 1933.

               
A aproximação ideológica entre a Alemanha nazista e a Itália fascista levou essas duas nações a firmar uma aliança política conhecida como  Eixo Roma-Berlim. Visando a expansão dos seus domínios, Alemanha e Itália iniciaram um processo de conquistas imperialistas que a abalaram a tímida paz mundial. Levados pelo mesmo impulso militarista e ultranacionalista, os expansionistas japoneses avançaram sobre os paises asiáticos e terminaram se unindo os alemães e italianos, formando com eles o Eixo Roma-Berlim-Tóquio.
                A Inglaterra e a França praticamente fecharam os olhos para o avanço expansionista  de Hitler em direção ao Leste europeu, mas deixaram claras suas intenções de não permitir a conquista da Polônia pelas tropas alemãs. Para Hitler a conquista da Polônia era fundamental, e por isso procurou a então União Soviética, assinando um pacto de “não-agressão” e neutralidade.
                No dia 1º de setembro, nove dias depois da assinatura do Pacto Germano-Soviético, a Alemanha invadiu a Polônia . Começava a Segunda Guerra Mundial. Dois dias depois a Inglaterra e a França declararam guerra aos países do Eixo. Em Dezembro de 1941, pretextando o ataque japonês a sua base naval de Pearl Harbour, no Havaí, os Estados Unidos entraram na guerra ao lado dos aliados era fundamental, devido a seu vasto litoral e especialmente pela importância estratégica do Nordeste, região apropriada para a instalação de bases aéreas e navais.
                Vargas flutuava ao sabor das ondas, sem se definir sobre o rumo a tomar em relação à guerra. Há quem afirme que ele estrategicamente aguardava que o desfecho da guerra apontasse o provável vencedor. Entre seus assessores havia pró-nazistas e pró-aliados. Contudo, embora fosse chefe de um governo ditatorial  ideologicamente muito próximo do nazi-fascismo, Getúlio tinha consciência de que o Brasil, economicamente, não podia viver sem os Estados Unidos.
                Além disso Vargas havia se comprometido com os Estados Unidos a garantir bases norte-americanas no Brasil em troca de empréstimos em longo prazo, um dos quais foi aplicado na construção da Companhia Siderúrgica Nacional de Volta Redonda.
                Finalmente, depois do afundamento de vários navios brasileiros por submarinos alemães e da morte de centenas de marinheiros, o Brasil declarou guerra ao Eixo. Nessa altura o país já havia cedido o litoral nordestino para instalação de bases aeronavis norte-americanas no Rio Grande do Norte.
                Em junho de 1944 o Brasil passou a participar efetivamente da guerra, com o envio da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e da Força Aérea Brasileira (FAB), sob o comando do general Mascarenhas de Morais. Apesar do mau preparo técnico-bélico, as tropas brasileiras participaram de importantes batalhas como a de Monte Castelo, na Itália, onde marcaram presença com significativas vitórias.
                A guerra terminou em 1945. Meses depois Getúlio Vargas era derrubado do poder por um golpe militar desfechado pelos generais Góis Monteiro e Eurico Gaspar Dutra.
Processo de Democratização do País
A luta pela democratização do país antecedeu o final da guerra. Já em 1942 as forças antifascitas começaram a pressionar Vargas para a entrada do Brasil na guerra ao lado dos aliados. Em julho daquele ano houve uma marcha cívica em São Paulo. No Rio de Janeiro a União Nacional dos Estudantes (UNE), que havia sido criada pelo próprio Getúlio Vargas em 1937 para fiscalizar os estudantes, com a anuência de Osvaldo de Aranha, então ministro das relações Exteriores, realizou uma passeata antitotalitária. Filinto Muller, chefe da polícia política, tentou impedir a passeata, mas não conseguiu. Desmoronou seu prestigio. Pouco depois deixava a chefia da polícia.
                Em dezembro de 1943 um grupo de estudantes fez uma passeata em São Paulo, com as bocas amordaçadas em protesto contra a prisão do presidente do Diretório XI de Agosto da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Saldo da violenta repressão policial: dois estudantes foram mortos e 25 feridos.
                Aumentavam as cisões entre Vargas, figuras importantes do governo e das Forças Armadas. Em 1944 Osvaldo Aranha demitiu-se e Getúlio tomou conhecimento das críticas feitas ao Estado Novo por oficiais brasileiros que lutaram na Europa. Realmente não tinha mais sentido a permanência de um Estado ditatorial no Brasil quando as tropas brasileiras, lá fora, lutavam exatamente contra as ditaduras nazi-fascistas.
                Em janeiro de 1945 um grupo de intelectuais, no 1º Congresso Brasileiro de Escritores, lançou um Manifesto exigindo a democratização com o sufrágio universal direto e secreto.
                Dois meses depois um jornal publicava longa entrevista de José Américo de Almeida, ex-candidato às eleições presidenciais de 1937. A publicação dessa entrevista, onde o escritor dizia “ é preciso que alguém fale, e fale alto, e diga tudo, custe o que custar”, demonstrava a fragilidade do DIP e deixava claro que Vargas já não podia enfrentar, como antes, a oposição.
                Em fevereiro, sob pressões internas e externas, principalmente dos Estados Unidos, Getúlio Vargas decretou o Ato Adicional. O Ato previa em noventa dias o governo fixaria a data para as eleições presidenciais, para governadores de estado, para o Congresso Nacional e Assembléias Legislativas Estaduais.
                Pouco depois Vargas concedeu anistia e libertou centenas de presos políticos, entre eles Luís Carlos Prestes, e permitiu a livre organização partidária. O PCB finalmente saía da clandestinidade, situação que enfrentava desde 1927.
                Vários partidos políticos se organizam, Forças heterogêneas de oposição civil e militar criam a União Democrática Nacional (UDN). Getúlio, cuja habilidade era indiscutível, tratou de se sustentar entre as forças contrárias. Estimulou a formação do Partido Social Democrático (PDS), um partido governista composto principalmente pela elite rural, e pouco depois presidiu, juntamente com membros do Ministério do Trabalho e sindicalistas getulistas, a criação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), um partido teoricamente de massa.
                A campanha eleitoral concentrou-se em três candidatos:
c    Brigadeiro Eduardo Gomes (UDN)
c    General Eurico Gaspar Dutra (PSD e PTB)
c    Yedo Fiúza (PCB)

O quarto candidato, Mário Rolim Teles, não tinha a menor expressão política.
A tendência continuísta se evidencia quando, em meio à agitada campanha eleitoral, surge um movimento popular favorável à continuação de Vargas no poder. Esse movimento popular, apoiado pelos comunistas e estimulado por Vargas, ficou conhecido como Queremismo, porque a massa em suas manifestações públicas gritava “Queremos Getúlio!” “Queremos Getúlio”.
                O golpe articulado pela UDN e pelas Forças Armadas, onde se destacam os generais Góis Monteiro e Dutra, foi finalmente desfechado em 29 de outubro de 1945. Naquele dia tropas comandadas por Góis Monteiro cercaram o Palácio Guanabara e forçaram Getúlio a renunciar. Era o fim do Estado Novo.

TENHA PENA DE MIM


Ai, meu Deus
Tenha pena de mim
Todos vivem muito bem
Só eu quem vivo assim
Trabalho não tenho nada
Não saio do misere
Ai, ai meu Deus
Isso é pra lá de sofrer
Cyro de Souza / Babahú (1937)


Ai, ai meu Deus . .
Sem nunca ter
Nem conhecer felicidade
Sem um afeto
Um carinho ou amizade
Eu vivo tão tristonha
Fingindo-me contente
Tenho feito força
Pra viver honestamente
Ai, ai meu Deus . .


ACERTEI NO MILHAR


-          Etelvina, minha filha !
-          Que há, Jorginho ?
Acertei no milhar
Ganhei 500 contos
Não vou mais trabalhar
E me dê toda roupa velha aos pobres
E a mobília podemos quebrar
Isto é pra já, passe pra cá. (breque)

Etelvina, vais ter outra lua-de-mel
Você vai ser madame, vai morar num grande hotel

Eu vou comprar um nome não sei onde
De marquês, dom morengueira de visconde
E um professor de francês mon amour
Eu vou trocar seu nome pra madame pompadour

Até que enfim agora eu sou feliz
Vou percorrer Europa toda, até Paris e os nossos filhos hein ?
Oh, que inferno
Eu vou pô-los no colégio interno telefone pro mane do armazém
Porque não quero ficar devendo nada a ninguém
Eu vou comprar um violão azul
Para percorrer a América do Sul

Ai de repente, mas de repente
Etelvina me chamou, está na hora do batente
Ai de repente, mas de repente
Etelvina me acordou foi um sonho, minha gente.

Wilson Batista / Moreira da Silva (1940)

O que será de mim ?

Se eu precisar algum dia
De ir pro batente
Não sei o que será
Pois vivo na malandragem
E vida melhor não há.
Minha malandragem é fina
Não desfazendo de ninguém
Deus é quem nos dá a sina
E o valor dá-se a quem tem.
Também dou a minha bola
Golpe errado ainda não dei
Eu vou chamar Chico Viola
Que no samba ele é rei.
Dá licença seu Mário.

Oi, não há vida melhor,
Que vida melhor não há.
Deixa falar quem quiser
Deixa quem quiser falar
O trabalho não é bom
Ninguém pode duvidar
Oi, trabalhar só obrigado
Por gosto ninguém.
Ismael Silva       

                As composições abaixo, são canções de compositores que na grande maioria “se converteram”, passando a defender o trabalho com “fervor  sacrossanto“, claro que essa conversão fora motivada pela repressão do DIP, censura, vantagens financeiras, etc. Se observarmos bem a composição de Wilson Batista Bonde de São Januário, teve que ser recomposta por imposição do DIP. Conheça um trecho da versão original:

“O bonde são Januário
leva mais um sócio-otário
sou eu é que não vou trabalhar” 

                As músicas Eu Trabalhei e É Negócio Casar, revelam falaciosamente a infalibilidade do trabalho, como mecanismo de garantia salutar da boa vida, da aquisição de bens, carro, casa, etc. As composições demonstram como o trabalhador é “feliz”, com seu trabalho, com seu lar, sua esposa, etc. O objetivo do governo Vargas com essas composições é criar uma mentalidade de a versão ao ócio, garantindo um poderoso exército de reservas para a insipiente industrialização brasileira, para tanto, ele chega inclusive a premiar casais quem tivessem mais de quatro filhos. Como afirma a canção  É Negócio Casar.